Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Depois de polêmica, filme da Netflix estreia com vaias em Cannes

A exibição de Okja, longa com Tilda Swinton e Jake Gyllenhaal, sofreu problemas técnicas e chegou a ser interrompida


O filme Okja, do sul-coreano Bong Joon-ho, o primeiro da Netflix a disputar a Palma de Ouro, teve sua primeira exibição nesta sexta-feira (19) em Cannes marcada por um incidente, com uma interrupção de vários minutos por um problema técnico. Na primeira exibição do filme no Grande Teatro Lumi;re do Palácio do Festival, a cortina não estava completamente suspensa sobre a tela e tapava uma parte da imagem, como por exemplo a cabeça da atriz principal, Tilda Swinton.

Na sala, na qual a expectativa era grande para a projeção aguardada e polêmica, algumas vaias e aplausos foram registrados para alertar os técnicos. "Isto não foi realmente feito para o cinema", ironizou um espectador em referência à plataforma de streaming, enquanto outro criticava um "bando de incompetentes". A exibição foi retomada após oito minutos de interrupção. Quando o logo da Netflix apareceu durante os créditos, algumas pessoas na sala aplaudiram.

Desde o anúncio da seleção de Okja e de outro filme produzido pela Netflix - The Meyerowitz stories, do americano Noah Baumbach, que será exibido domingo (21) -, para a mostra oficial de Cannes, a plataforma americana enfrenta a revolta dos defensores das salas de cinema. A gigante do streaming, que tem 100 milhões de assinantes, não pretende exibir os dois filmes nas salas de cinema francesas. A situação provocou irritação entre os puristas da sétima arte e o circuito exibidor francês.

Pressionados, os organizadores do festival mudaram as regras para exigir, a partir de 2018, que todo filme na disputa pela Palma de Ouro se comprometa a ser exibido nas salas francesas. Na quarta-feira (17), o presidente do júri desta edição do festival, o espanhol Pedro Almodóvar, voltou a comentar a polêmica. O cineasta de 67 anos afirmou que a Palma de Ouro deveria ser exibida nas salas de cinema.

"Seria um enorme paradoxo que a Palma de Ouro ou qualquer outro prêmio entregue a um filme não possa ser assistido nas salas de cinema", disse. O ator norte-americano Will Smith, membro do júri, teve uma postura mais conciliadora. "Netflix é útil em meu país porque permite que as pessoas assistam a filmes que, de outra forma, nunca teriam acesso", declarou, sem revelar que seu próximo longa-metragem, Bright, será produzido pela cada vez mais poderosa plataforma de streaming.

Sobre a história de Okja

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Okja, filme de fantasia, que será disponibilizado pela Netflix em 28 de junho, conta a história da amizade entre uma menina e um grande animal, geneticamente modificado, que uma multinacional deseja capturar. A britânica Tilda Swinton e o norte-americano Jake Gyllenhaal são os protagonistas do segundo filme americano do sul-coreano Bong Joon-ho, depois de Expresso do amanhã.

"É um filme muito político sob a aparência de comédia, que trata sobre a forma como são explorados os animais", disse Thierry Frémaux, delegado geral do festival. O presidente da Netflix, Reed Hastings, escreveu no Facebook na semana passada, em plena polêmica, que Okja é "um filme incrível, cuja participação na competição de Cannes as salas de cinema querem impedir".