Com uma linguagem visual acelerada e, às vezes, recheado de diálogos frenéticos, o longa Rei Arthur: a lenda da espada sacramenta o tipo de filme esperado sob o comando do diretor inglês Guy Ritchie. Na pele do protagonista, que há séculos alimenta uma corrente de incertezas quanto à existência verídica, o ator Charlie Hunnam chega ao primeiro escalão de uma produção hollywoodiana à frente de uma aventura orçada em US$ 175 milhões. Criado nas ruas da capital da britânia romana, a chamada Londínio, Arthur está afastado do berço nobre, do qual o pai, Uther (Eric Bana), foi destituído do trono. Numa escalada, até contra a vontade do protagonista, tudo conspira para a futura coroação de Arthur, futuro e legítimo dono da espada batizada como Excalibur.
Aprovado em tramas fantasiosas criadas pelo mexicano Guillermo del Toro (na dobradinha sequenciada Círculo de fogo e A colina escarlate), Charlie Hunnam, aos 37 anos, tem no currículo um histórico cênico que bem lhe cabe, até como couraça para viver um algo selvagem Arthur. Até a recente aventura de James Gray Z: A cidade perdida, ele viveu o cara encalacrado por valores familiares e dividido com o espírito de motoqueiro, na série Filhos da anarquia, sem contar a dose vândala aplicada em Hooligans (2005). Curiosamente, em Rei Arthur, vem à tona, pela nova parceria, um passado versátil compartilhado com cenas ao lado do irlandês Aidan Gillen (o Mindinho de Game of thrones): ambos participaram da versão inglesa para a série de sucesso, com temática LGBT, Queer as folk.
Herdeiro real criado em um bordel, que se intitula ;filho bastardo de uma prostituta;, e avesso ao desejo de poder, Arthur é imantado por uma aura inocente, ao estilo do personagem Nicolas Nikleby, que Hunnam interpretou em O herói da família, longa que competiu pelo Globo de Ouro de melhor filme, há 15 anos. Num flashback de Rei Arthur, o diretor Guy Ritchie encerra um trauma a ser cultivado por uma criança, com as mãos cortadas, e que reflete na resistência à posse da mítica espada das aventuras arturianas. ;Você fez o demônio ter sentido; é a frase que dá a dimensão ao maior vilão da fita, vivido pelo nada plácido Jude Law: o maquiavélico Vortigern.
Um rude benfeitor
Arqueiros, com pontarias nada prudentes, figurinos com apelo futurista e personagens que literalmente se desintegram em frente ao espectador estão no desenvolvimento da superprodução com um que de 300 e o Fúria de titãs modernoso. Lealdade e paternidade também circulam entre os conceitos da aventura liderada pelo compatriota de Charles Dickens (fonte do clássico personagem Nicolas Nikleby). Rei Arthur, com a perspectiva pregressa do universo de Guy Ritchie, responsável por fitas como O agente da U.N.C.L.E. (2015) e Jogos, trapaças e dois canos fumegantes (1998), aponta, por sinal, para um avanço, a julgar pela importância de uma poderosa personagem feminina: a Maga, a cargo da atriz Astride Berg;s Frisbey (vista em Piratas do Caribe 4).
Programado para dar pontapé inicial a uma pretendida saga de títulos, Rei Arthur, com uma bilheteria internacional periclitante, pode não vir a se afirmar. Ao menos, o bretão-romano disposto a futuramente (num percurso, a meio caminho de lenda e de mitologia) defender um Império contra anglo-saxões, teve as origens passadas a limpo, de modo digno e correto, no que seria um primeiro capítulo. Na fita, há presenças de nomes reconhecidos, entre os quais os de Djimon Hounsou (de Diamantes de sangue), Tom Wu (Kick-Ass 2), Neil Maskell (No topo do poder) e Kingsley Ben-Adir (Guerra mundial Z).
US$ 175 milhões
Orçamento de Rei Arthur: A lenda da espada
Outras estreias
Corra!
Entrar numa família de pessoas brancas passa a ser um dilema na vida de Chris (o britânico Daniel Kaluuya, do longa Sicário: terra de ninguém). O filme tem direção de Jordan Peele.
Um homem de família
O que deve vir em primeiro lugar: o trabalho ou a família? Gerard Butler estrela, ao lado de Alison Brie, o longa com trama em que a substituição de um chefe de empresa (Willem Dafoe) vira fonte de acirrada disputa entre colegas de trabalho.
Antes que eu vá
Conduzido por Ry Russo-Young, o filme de premissa fantasiosa evoca a possibilidade de uma segunda chance, no conserto de uma semana, anterior à prevista morte de Samantha (Zoey Deutch).
Um casamento
Documentário assinado por Mônica Simões, o filme se detém nas reflexões que vêm com o tempo, a partir da união matrimonial de uma senhora, em Salvador (Bahia).
O rastro
Estrelado por Rafael Cardoso, e dirigido por JC Feyer, o thriller nacional foi criado na mesma produtora que criou o sucesso cômico Mato sem cachorro. Removendo pacientes de hospital a ser desativado, João (Cardoso) depara com o sumiço de uma menina de 10 anos que lhe tira o sono. No elenco, Leandra Leal, Felipe Camargo e Claudia Abreu.