Filho da cantora Tetê Espíndola e do compositor Arnaldo Black, foi natural que Dani Black seguisse o rumo dos pais e se tornasse cantor e compositor. Um dos mais celebrados músicos da nova geração da música brasileira, ele foi gravado por Ney Matogrosso, Maria Gadú e Elba Ramalho, além de ser parceiro de Chico César.
Em entrevista ao Correio, ele fala sobre a participação de artistas na política , sobre a sua geração e sobre o ofício de compositor. ;As músicas são maiores do que o compositor. E se você tem a sabedoria de não segurar, de não tentar controlá-las, elas fazem caminhos lindos;, destaca.
; Entrevista // Dani Black
Você teve contato com a música desde muito cedo. Como isso influenciou na sua formação? O que isso te deu?
Quando você tem contato desde muito pequeno, você passa a ser música, são coisas que entram tão intrinsecamente na sua vida, em você. Então você não sabe onde isso começa ou quando termina. Isso vem muito do fato de ter crescido com ela, e não tê-la encontrado em algum momento.
Você tem uma veia de compositor muito forte, foi gravado por muita gente. Como ver o seu trabalho na voz de outras pessoas?
É maravilhoso, é sempre uma confirmação desse meu ofício, de eu realmente ser apaixonado por isso. As músicas são maiores do que o compositor. E se você tem a sabedoria de não segurar, de não tentar controlá-las, elas fazem caminhos lindos. Falam com pessoas em quem você não chegaria. Presenciar que algo que você faz é vivo, tem um caminho próprio é a melhor coisa.
A canção é o seu espaço de pensar, de refletir?
Praticamente isso. Para mim, ela é uma plataforma de reflexão, de descoberta e de autodescoberta, é onde eu estou falando e pensando sobre as coisas.
Ser compositor é mais forte do que o resto para você?
Não é mais forte, eu sou igualmente os três (compositor, cantor e instrumentista), o meu barato é compor as músicas e levá-las para o palco, que é onde a viagem se completa. Tudo parte da composição, a composição é o primeiro momento, mas o resto é igualmente importante.
É importante a participação de artistas em questões políticas?
É importante quando você está com vontade de dizer. Não pode também entrar no automático. Você tem que observar, refletir sobre as coisas. Hoje as pessoas falam muito e nem sempre estão observando com cuidado para se colocar de uma maneira mais madura. Nesses dois casos, achei que era um momento importante, mas foram coisas pontuais.
Depois dois anos na estrada com o mesmo show, como fazer para não se cansar de tocar as mesmas canções. Elas mudam de alguma maneira?
O meu show é muito dinâmico,tem muita abertura para espontaneidade e para o improviso.
E o próximo disco já está a caminho?
Sim, sim. Tem novos projetos por aí. Ainda são segredo, mas logo elas vão ganhar o mundo.
Você tem um pegada forte de guitarra e voz, quando o mais comum é violão e voz. De onde vem isso?
Tem a ver com a minha relação com o instrumento, estudei bastante quando mais jovem. Eu me considero um instrumentista da guitarra.
Com quem você se identifica dos seus contemporâneos?
Muita gente, é uma geração muito rica, cheia de gente muito boa, posso citar 5 a seco, Silva, Maria Gadú, o Filipe Catto, mas admiro muitos outros.