Depois de 68 dias de ocupação da Fundação Brasileira de Teatro (FBT), encerrada no dia 23 de abril e organizada por professores, alunos e funcionários da Faculdade Dulcina de Moraes, as principais reivindicações foram conquistadas: o afastamento de Vanessa Pimenta da administração da FBT e a representatividade na eleição do Conselho de Curadores. Para eles, a luta continua em busca de um último objetivo atual, a abertura de diálogo entre os membros da Fundação e o promotor que cuida do processo.
Após amplo histórico de problemas financeiros e administrativos, a Fundação sofreu intervenção do Ministério Público em 2013 e, desde então, contava com administradores provisórios que mantinham diálogo aberto com a comunidade acadêmica. Em fevereiro de 2017, a instituição foi palco de mudanças de impacto para sua gestão. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) afastou os, até então, administradores provisórios da Fundação Brasileira de Teatro, Marco Antônio Schmitt Hannes e Luiz Francisco de Sousa.
A advogada Vanessa Daniella Pimenta Ribeiro, delatora na Operação Acrônimo, da Polícia Federal, foi nomeada como administradora responsável provisória, na época. A professora da faculdade e integrante do movimento Dulcina Vive, Silva Paes lembra que a instituição, apesar da grande relevância cultural e patrimonial para a cidade, tem um histórico complicado em relação à transparência e à má gestão. ;Quando a comunidade teve ciência de que Vanessa era delatora premiada, decidiu fazer a ocupação estudantil até que ela saísse;, destaca Silvia.
A comunidade acadêmica se organizou para dar início a protestos e pedidos de afastamento da advogada, além da participação dos professores e alunos nas novas eleições. Vanessa pediu demissão do cargo e em 20 de abril a juíza de Direito Marilza Neves acatou a demissão. Os antigos administradores afastados foram declarados como livres de qualquer ato de improbidade administrativa.
Julie Wetzel, porta-voz do movimento Dulcina Vive e graduada na instituição lembra que a faculdade foi ocupada com o intuito de acompanhar de perto o trabalho da administração temporária. ;Com a ocupação, tivemos reuniões diárias que auxiliaram no acompanhamento do trabalho e uma melhor organização da comunidade. Isso fortaleceu nosso crescimento e unificação. Buscamos, em conjunto, soluções para os mais diversos desafios que a FBT enfrenta;.
A pedido do promotor Josué Aragão de Oliveira, os professores da instituição formaram uma comissão para eleger um novo nome provisório para administrar a FBT, tendo sido escolhido o da gestora cultural Débora Aquino, ex-coordenadora de Difusão Cultural do Centro Oeste da Funarte e atual representante da cadeira de Teatro do Conselho de Cultura do Distrito Federal. ;Agora, basta o promotor de justiça acatar a sugestão dos professores e nomeá-la em no máximo 10 dias, como decidiu a juíza;, afirma Julie.
A Faculdade de Artes Dulcina de Moraes é um dos mais importantes patrimônios culturais da história do teatro brasiliense e brasileiro. Sendo uma das primeiras faculdades de artes reconhecidas no país, o espaço foi palco de relevantes ações artísticas do Distrito Federal e pretende ampliar e proteger o seu legado. Toda a comunidade acadêmica se reúne para fazer o resgate da fundação e proteção de seu patrimônio físico, permitindo que, com sua força histórica, continue a criar e a dialogar com as mais diversas manifestações culturais de Brasília.
Sobre as nomeações definitivas
Fica decidido que quem nomeará o novo conselho serão os conselhos do regimento interno da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes: conselho diretório, conselho acadêmico, conselho de coordenações e o corpo tecnico-administrativo.
Destaque
A comunidade acadêmica da faculdade Dulcina convida a todos os interessados para uma audiência pública com o promotor do caso, no dia 3 de maio, às 15h, nas salas de treinamento do MPDFT, em frente ao Buriti, no Eixo Monumental.