Com 57 anos desde a sua inauguração, Brasília continua sendo constantemente lembrada e elogiada pela arquitetura tão singular que abriga. Por reconhecer cada traço e espaço da capital como uma possibilidade de desafio para o movimento dos corpos, será realizada de hoje a domingo a quarta edição do MarcoZero ; Festival Internacional de Dança em Paisagem Urbana, constituída por 34 intervenções e uma mostra de videodança.
O diálogo entre a arte e a rua é visto como um grande diferencial para os artistas. ;Aproximá-las é uma forma de redescobrir a sensibilidade das cidades. É o modo pelo qual redescobrimos as ruas, as praças e os espaços são carregados com histórias que não tinham antes. A arte redimensiona o mundo;, afirma o uruguaio Martín Inthamoussú, que realiza a performance Así sucedía con todo.
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A dançarina Mariana Pimentel vislumbra, ainda, uma importância política. Segundo ela, ocupar o espaço público com arte é um ato de profunda resistência e militância. ;O festival possibilita que os artistas manifestem dignamente suas questões artísticas e preocupações com a cidade, que o corpo se envolva com o urbano e dialogue com quem está vivendo no local;, comenta.
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E a relação entre dança e arquitetura não é a única temática do festival. ;A gente fez uma programação voltada para questões que a cidade tem suscitado, como a LGBT, a infância livre ; que é tema de uma intervenção que vai acontecer nos pilotis da 104 Sul ; e pichações. Estamos ilustrando essas questões e problemáticas por meio do movimento e da dança;, conta a idealizadora e curadora Marcelle Lago.
Entre as performances da programação, está a Take a picture with a brazilian woman for 0,71 cents, de Mariana Pimentel, criada durante a Copa do Mundo de 2014, que passa pelas feiras da Torre e do Guará. ;Ela questiona os clichês do Brasil sob a ótica do estrangeiro. É uma ironia entre a ficção e a realidade, porque é uma mulher brasileira vestida com roupas do imaginário típico, que convida os transeuntes a tirarem uma foto com ela por um valor de 71 centavos;.
A conexão do artista com o público e/ou espaço também pode ser acompanhada na performance Conectando com o mover do outro, no parque Olhos D;água. ;É uma coreografia espontânea, a partir da percepção dos códigos corporais das alteridades à nossa volta. Gestos, posturas e movimentações são compilados como dança e ocupação do espaço;, explica a dançarina Luisa Günther. As diversas intervenções podem ser acompanhadas em locais como a Rodoviária do Plano Piloto, a Praça do Relógio e o Congresso Nacional.
* Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco
MarcoZero ; festival Internacional de Dança em Paisagem Urbana
Até 30 de abril. Evento com 34 intervenções e uma mostra de videodança, que acontecem em diversos espaços públicos da capital. Confira a programação completa neste link. Entrada franca. Classificação indicativa livre.