O cantor e compositor Nico Rezende ficou famoso com canções como Esquece e vem, lançada 30 anos atrás. Reconhecido como produtor e arranjador, ele foi responsável por alguns trabalhos de Roberto Carlos, Gal Costa, Cazuza e Lulu Santos. O músico se aventura agora pelas ondas do jazz, em um DVD no qual reinterpreta canções de Chet Baker.
;Chet Baker é um cara por quem eu sempre tive paixão desde a minha juventude. E ele tem algumas músicas em formato bem pop, que são uns jazz meio baladas. E elas se parecem com formato de canção que eu sempre compus e gostei;, conta Nico.
Pela admiração ao ícone do jazz, Nico tinha vontade, há muito tempo, de fazer um show em que cantasse músicas interpretadas pelo jazzista. O desejo só se tornou realidade, no entanto, quando ele foi apresentado ao trompetista Guilherme Dias Gomes, que tinha a mesma vontade. ;Ele queria fazer um show tocando Chet Baker e eu queria cantar, foi a parceria certa;, comenta Nico.
Para escolher o repertório, o cantor e compositor passou cerca de três meses estudando e ouvindo Chet Baker. ;Fiz uma espécie de laboratório no trabalho dele, fiquei ouvindo bastante, às vezes, enquanto caminhava pela beira da praia... No fim, a seleção acabou sendo mais por uma questão de gosto;, explica.
A maioria das músicas de Chet Baker, no entanto, são instrumentais, o que fizeram com que a possibilidade de escolha não fosse tão grande. ;A maioria das canções está no disco Chet Baker sings, de 1964, e fomos testando o que funcionava ou não na nossa interpretação;, explica.
Para Nico, a região vocal dele e de Baker é parecida, o que facilitou a interpretação. ;Mas não me preocupei em imitá-lo, cantei do meu jeito e funcionou. Só me foquei em escrever os arranjos originais, com pequenas adaptações para aumentar os improvisos;, completa.
Nico aponta também que, apesar de ter se destacado mais como instrumentista, Baker influenciou muitos cantores. ;Ele influenciou muita gente, essa coisa da voz pequena, mas muito bem colocada aparece em João Gilberto, em Caetano;, opina.
O fato de cantar canções que não eram suas deu mais liberdade para a interpretação, acredita o músico. ;É muito bom cantar coisas que não são suas. Quando você canta uma canção que fez, a alma do compositor está ali, impressa, é uma responsabilidade dupla. Senti a sensação de ter mais liberdade interpretando canções de outros;, observa.
Além do DVD, Nico pretende lançar outro trabalho ainda neste ano. ;Estou preparando mais um disco de inéditas, já estou arranjando, a ideia é que eu mesmo toque todos os instrumentos no meu estúdio. Vai ser um disco simples, bem com a minha cara;, adianta.
Nico Rezende canta ChetBaker (DVD)
Nico Rezende. Fina Flor.
17 faixas. R$ 29,90