O mês de abril começa com programação pulsante nas casas de cultura fora do Plano Piloto. No Espaço Cultural Ubuntu, no Recanto das Emas, acontece a quarta edição do Despejo poético, nome dado ao sarau dedicado à literatura independente. Desta vez, os convidados são os poetas Jorge Amâncio, José Sóter e Meimei Bastos. Na mesma ocasião, a casa de cultura realiza a primeira edição do Slam Q;brada, batalha de poesia falada itinerante que pretende aproximar quem faz literatura nas regiões periféricas do Distrito Federal.
;A ideia é que os artistas falem sobre o processo de criação e quais as inspirações dentro desse processo. O Despejo poético nasce dessa proposta de incentivar a prática poética. Fortalece a identidade dos participantes e de quem está os ouvindo;, conta a organizadora Natália Cristina. José Sóter, por exemplo, traz ao evento o livro #agrestina, o 15; da carreira, com a tônica sobre a cultura nordestina.
[SAIBAMAIS]
Fôlego cultural
;Estamos acostumando os moradores locais a ouvir poesia, a fazer uso das palavras e também do silêncio;, conta Natália Cristina, ela mesma é poeta independente e autora do livro artesanal Emaranhados. No Recanto das Emas, onde não há cinema ou grandes teatros, o espaço inaugurado em 2016 tem sido sede de dezenas de projetos aos moldes do Despejo Poético que ajudam a sanar a carência da população por arte. A pequena lojinha Da Favela para Favela, que comercializa produtos de artistas do DF, ratifica essa vocação.
A própria palavra Ubuntu, que batiza o espaço, dá uma noção do viés ideológico. Trata-se de termo de origem africana que significa ;humanidade para com os outros;. Não tem sido raro muitos frequentadores atravessarem as fronteiras das cidades onde vivem para visitar o Ubuntu. ;Tivemos participantes do Paranoá, por exemplo. Muita gente veio do outro lado do DF para estar entre nós;, emociona-se a organizadora.
Spray empoderado
Espaço de resistência e coletivo de cultura que concentra ações no movimento feminista, a Casa Frida também começa o mês com atividades de empoderamento da mulher. Com duração de dois dias, a Oficina de Grafite será ministrada por Michelle Cunha em pequenos módulos que reúnem teoria e prática. O intento é mostrar que, como expressão artística, o grafite é mais completo do que se pensa.
Não é só pegar o spray e ir às ruas. As aulas abrangem desde a percepção dos elementos visuais de uma cidade a exercícios de criação de personagens, além de questões mais técnicas, como a de preparar a parede para receber as pinturas. A Casa Frida, aliás, tem a fachada externa e interna recheada de arte urbana. Ao final, as alunas poderão deixar a marca no endereço, iniciativa da produtora cultural Hellen Cristhyan Correia Boaventura e da poeta Thibi, entre outras jovens da região de São Sebastião.
Despejo poético e Slam Q;Brada
Hoje, a partir das 18h, no Espaço Cultural Ubuntu (Qd. 101, AE 1, Lt. 18, lj. 4, Recanto das Emas; 99222-4790). Entrada franca. Livre para todas as idades.
Oficina de grafites para mulheres
Com Michelle Cunha. Hoje e amanhã, das 9h às 18h, na Casa Frida (Rua 30, Casa 121, Vila Nova, São Sebastião; 98360-1676). Investimento: R$ 60. Classificação indicativa: 15 anos.