Diversão e Arte

Figurinista da Rede Globo denuncia José Mayer por assédio sexual

'Ele colocou a mão esquerda na minha genitália e ainda disse que esse era seu desejo antigo', diz o relato de Susllem Meneguzzi Tonani

Estado de Minas
postado em 31/03/2017 10:39
Figurinista da emissora publicou depoimento em que acusa o ator de assédio sexual.
O ator José Mayer está sendo acusado de assédio e abuso sexual pela figurinista da Globo, Susllem Meneguzzi Tonani, de 28 anos. Em depoimento publicado nesta sexta-feira, 31, no blog #AgoraÉQueSãoElas, da Folha de São Paulo, ela fala sobre os episódios em que o ator lhe assediou sexualmente e dá detalhes sobre as medidas que tomou dentro da emissora.

Na carta, ela conta o que viveu nos bastidores da novela A lei do amor. ;;A primeira brincadeira de José Mayer Drummond comigo foi há oito meses. Ele era protagosnista da primeira novela em que eu trabalhava como figurisnista assistente. E essa história de violência se iniciou com o simples: ;como você é bonita;;;, conta.
Susllem conta que, por trabalhar de segunda à sábado, sempre tinha que lidar com o ator e com os seus ;;elogios;;. ;;Como você se veste bem;;, ;;como a sua cintura é fina;;, ;;fico olhando a sua bundinha e imaginando o seu peitinho;;, ;;você nunca vai dar para mim?;;, são algumas das frases que a figurinista atribui a José Mayer.

Ela ainda conta que, na tentativa de que os ;;elogios;; cessassem, foi direta com o ator. ;;Disse a ele, com palavras exatadas e claras, que não queria, que ele não podia me tocar, que se ele me encontasse a mão eu iria ao RH. Uma vez lhe disse: ;você é mais velho que o meu pai. Você tem uma filha da minha idade. Você gostaria que alguém tratasse assim a sua filha?;;;, escreveu Susllem.
[SAIBAMAIS]A figurista conta que, em janeiro de 2017, o ator teria encostado em sua genitália. ;;Dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, esse ator, branco, rico, de 67 anos, que fez fama como garanhão, colocou a mão esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha buceta e ainda disse que esse era seu desejo antigo. Elas? Elas, que poderiam estar em meu lugar, não ficaram constrangidas. Chegaram até a rir de sua ;piada;. Eu? Eu me vi só, desprotegida, encurrada, ridicularizada, inferiorizada, invisível. Senti desespero, nojo, arrependimento de estar ali. Não havia cumplicidade, sororidade.;;
Depois disso, Susllem escreve que ia ao trabalho rezendo para não encontrá-lo. ;;Até que nos vimos, ele e eu, num set de filmagem com 30 pessoas. Ele no centro, sob os refletores, no cenário, câmeras apontadas para si, prester a dizer seu texto de protagonista. Neste momento, sem medo, ameaçou me tocar novamente se eu continuasse a não falar com ele. Eu não me silenciei. ;Vaca!', ele gritou. Para quem quisesse ouvir. Não teve medo. E por que teria, mesmo?;;, conta.

Ela escreve que procurou o departamento pessoal da emissora, bem como a ouvidoria. ;;Acusei todas as pessoas, todas as instâncias, contei sobre o assédio moral e sexual que há meses eu vinha sofrendo. Contei que tudo escalou e eu não conseguia mais encontrar motivos, forças para estar ali. A empresa reconheceu a gravidade do acontecimento e prometeu tomar as medidas necessárias. Me pergunto: Quais serão as medidas? Que lei fará justiça e irá reger a punição? Que me protegerá e como?;;, questiona.

Por fim, a figurinista fala sobre a importância de levar este assunto a sério. ;;Falo em meu nome e acuso o nome dele para que fique claro, que não haja dúvidas. Para que não seja mais fofoca. Que entendam que é abusivo, é antigo, não é brincadeira, é coronelismo, é machismo, é errado. É crime;;, finaliza.

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