Num futuro cyberpunk, a relação entre humanos e tecnologia é cada vez mais estreita. Em uma sociedade completamente imersa no mundo virtual, orgãos, membros, praticamente tudo pode ser aperfeiçoado ou trocado por substitutos artificiais. É nesse ambiente que se passa A vigilante do amanhã: Ghost in the shell, o longa protagonizado por Scarlett Johansson que estreia hoje nos cinemas.
Baseado em anime e mangá japoneses, o filme apresenta a Major Mira Killian (personagem de Scarlett). No longa, ela é uma mistura de humano e máquina. O cérebro de Major, segundo a corporação Hanka (responsável pela operação), sobreviveu a um ataque terrorista em um navio e, para salvá-la, o órgão foi transplantado para um corpo mecânico.
O fato de unir a mente humana a características físicas mecânicas dá à Major forças e poderes muito maiores do que o comum. Por isso, ela é usada quase como uma arma em um grupo de defensores que combatem crimes cibernéticos. Em um mundo tão ligado ao digital, é possível hackear até informações presentes na mente de pessoas.
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Durante o longa, no entanto, a personagem de Scarlett Johansson começa a questionar as lembranças e o próprio passado. Pelas características mecânicas, a equipe da Hanka é capaz de reconstruir o corpo de Major sempre que preciso, mas também pode apagar qualquer lembrança ou informação que considerem danosa ou irrelevante.
Os questionamentos ganham força com a chegada de um opositor às ações da corporação: um homem misterioso que promove ataques para impedir o avanço da companhia e quer entender segredos do próprio passado supostamente ocultados pelos cientistas da Hanka.
O embate entre tecnologia e humanidade tem força no filme, que deixa claro, em vários momentos, que a alma ou o espírito (o ghost do título) é que dão essência a tudo. ;Parte do que estamos tentando dizer neste filme é que a humanidade em algum momento vai se misturar cada vez mais à tecnologia. O importante é que descubramos uma maneira pela qual a humanidade é necessária para a tecnologia e não o contrário;, explicou o diretor Rupert Sanders ao site Cnet.
Para o diretor, o filme representa também uma visão otimista de que os humanos não vão se extinguir em um contexto como o apresentado. ;Nosso filme é muito mais sobre a esperança de que a humanidade vai prevalecer em uma revolução tecnológica;, comentou.
Adaptação de Ghost in the shell
O diretor comentou também as dificuldades de levar um produto do universo dos mangás e dos animes para os cinemas. ;Quando você leva algo do anime para o cinema, há uma viagem muito diferente. O original é muito cerebral. E seu ritmo não é apenas muito de anime, é japonês. Ele tem uma espécie de quietude e silêncio e muito espaço. No cinema moderno, as expectativas são diferentes;, comentou.
Muita gente criticou a escolha de Scarlett Johansson para o papel por causa da origem asiática da personagem. O diretor, no entanto, defendeu a atriz. ;Eu sinto que ela canalizou a Major melhor do que qualquer um em que eu poderia ter pensado. Ela foi a minha primeira escolha e continua a ser a minha primeira escolha. Ela é a melhor atriz da minha geração e da sua geração;, garantiu.