<div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/03/27/583843/20170327090726222580e.jpg" alt="Exposição Pirajá, do artista Renato Morcatti: esculturas de ferro fundido que tentam provocar o estranhamento no público" /> </div><div style="text-align: justify">Da simbologia africana das obras de Rubem Valentim aos objetos submersos de Anna Braga, as exposições em cartaz na cidade discutem os mais variados temas e convidam os visitantes a se embrenhar em universos subjetivos ; ora pessoais, ora universais ; e cheios de surpresas. São cinco mostras em cartaz em espaços que vão do amplo Museu Nacional da República à pequena e simpática Alfinete Galeria. Entre as obras estão, principalmente, arte contemporânea. A produção da cidade está nos trabalhos de Heron Prado e Miguel Simão, que comemora 25 anos de carreira. De fora, vêm Anna Braga (Rio de Janeiro) e Renato Morcatti (Belo Horizonte). Rubem Valentim ajuda a lembrar o quanto Brasília é importante na obra de muitos artistas, embora eles nem sempre sejam valorizados pela cidade. Abaixo, uma sugestão de roteiro com diveras opções para a semana.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h3 style="text-align: justify"><strong>; Rubem Valentim ; Construção e fé </strong></h3><div style="text-align: justify">Visitação até 28 de maio, na Caixa Cultural</div><div style="text-align: justify">A exposição reúne 60 obras que convidam o visitante a pensar em duas questões fundamentais: a influência de Brasília na obra do artista e a voz do negro na arte brasileira. Baiano de Salvador, Valentim foi professor do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (IDA/UnB) e queria que parte de sua obra ficasse na cidade, abrigada em um centro cultural e acessível ao público. Mas o artista morreu em 1991 e o acervo acabou disperso, sendo que boa parte está em Salvador. ;Ninguém se interessou;, lamenta Marcus Lontra, curador da mostra. ;Acho que há um preconceito velado contra o Rubem, um preconceito, evidentemente, quanto à raça negra.; O curador critica o fato de o artista sempre ser encaixado como um construtivista modernista. Essa associação, ele defende, é também fruto de preconceito e mascara algumas das questões mais importantes da obra do artista, como a tentativa de trazer para a discussão contemporânea temas como candomblé e religiosidade. ;Isso é uma espécie também de preconceito de que o negão só é negão quando ele transcende isso e vira o artista que tem o passaporte do construtivismo, do modernismo e por aí vai;, diz Lontra. ;O Rubem recupera imagens que nos foram subtraídas. Ele devolve isso. É muito importante que a gente se reconheça como povo mestiço, mas também que a gente perceba e tenha consciência de que a mestiçagem é basicamente um ato de violência, de estupro.; Para o curador, a obra de Valentim é o grande libelo do lugar do negro na história e na sociedade brasileiras, uma voz constantemente calada.</div><h3 style="text-align: justify"><br /><strong>; Memória submersa</strong></h3><div style="text-align: justify">Visitação até 9 de abril na Sala 2 do Museu Nacional da República</div><div style="text-align: justify">Há 12 anos, Anna Braga trabalha em uma pesquisa na qual propõe investigar detalhes que passam despercebidos em paisagens às quais estamos acostumados. Neste ensaio, a artista observou objetos que ficaram submersos durante a ressaca em uma praia do litoral norte fluminense e os transformou em pequenas esculturas. Na galeria, as peças ganham outro significado. ;Quero desviar o olhar do que está aparente e extrair outras metáforas para a situação. O que fiz foi criar metáforas entre o que você vê e o que não vê;, explica Anna. No total, quatro objetos e quatro imagens ocupam a galeria. São peças, como uma casa em alumínio escoado, duas tarrafas, uma rede de marcação usada por pescadores para delimitar a área de trabalho e até um barquinho em situação improvável, pescado por uma rede, tudo pensado para falar da metáfora da impermanência.</div><h3 style="text-align: justify"><br /><strong>; Miguel Simão e dr.simoncoast - Aquários, Escafandros e outros Dispositivos de Imersão</strong></h3><div style="text-align: justify">Visitação até 30 de abril, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul SCTS 2 - SHCS)</div><div style="text-align: justify">O artista e professor da Universidade de Brasília (UnB) comemora 25 anos de trajetória com uma retrospectiva que traz um pouco da produção ao longo dos anos. Dividida em quatro salas, a mostra tem esculturas, objetos e instalações que retomam as formas trabalhadas por Simão, como o sapato e as bigornas. Uma sala escura ficou reservada para uma antologia que reúne 10 trabalhos. ;Para as pessoas perceberem minha trajetória enquanto escultor;, explica o artista, que utiliza materiais como pedra e madeira. Em um conjunto de seis estruturas inéditas, Simão faz uma apropriação da própria obra. Para a entrada da exposição, ele criou duas intervenções urbanas, entre elas uma bigorna com seis metros de comprimento.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h3 style="text-align: justify"><strong>; Pirajá</strong></h3><div style="text-align: justify">Visitação até 30 de abril, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República </div><div style="text-align: justify">(Setor Cultural Sul - Esplanada dos Ministérios)</div><div style="text-align: justify">Renato Morcatti trabalha com o que chama de ;escultura de estranhamento;. Para Pirajá, ele criou três séries de peças em argila com queima shizen, técnica milenar japonesa em que a lenha do forno é esquentada durante oito dias. O resultado são esculturas com um aspecto de ferro fundido e um esmalte resultante das cinzas da queima. O artista não utiliza pigmentos, embora suas obras sejam carregadas de texturas e de uma certa coloração. Em forma de molhos de chaves, as pequenas esculturas vêm de memórias familiares. Nascido no bairro Pirajá, em Belo Horizonte, Morcatti conta que a mãe costumava carregar um molho de chaves. ;E por isso eu podia sentir a presença dela;, garante. ;Falo disso de uma forma muito subjetiva no trabalho. Quero que ele abra portas, leve a outros lugares, porque a chave tem função de ligar as pessoas;, explica.</div><h3 style="text-align: justify"><strong><br /></strong><strong>; Excursões magnéticas</strong></h3><div style="text-align: justify">Visitação mediante agendamento até 16 de abril, de segunda a domingo, das 10h às 19h, na Arte XXX (Condomínio verde, R. Sucupira, cs. 23, Jardim Botânico; 99230-6980).</div><div style="text-align: justify">Para o artista brasiliense Heron Prado, o desenho tem uma certa magia. ;Sou imediatista e me satisfaz a maneira como o desenho se concretiza. O desenho termina rápido;, explica o autor das 58 obras de Excursões magnéticas, em cartaz na galeria Arte XXX. ;É um desenho de imaginação;, avisa o artista. Prado não desenha ;coisas;. Prefere ficar à mercê da própria fantasia e deixar a subjetividade tomar a dianteira. Ele nunca sabe como será o resultado e por isso mesmo aprecia a prática. ;O desenho é uma forma de colocar no papel a imaginação;, acredita.</div>