Carol Bensimon gosta de mergulhar fundo nos sentimentos de seus personagens, encará-los, manter o olhar focado nos seus pensamentos com uma certa melancolia. Autora de dois romances e um livro com três novelas, a escritora gaúcha de 34 anos é a convidada de hoje no projeto Literaturas, ciclo de encontros com escritores promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que terá também participação da atriz Camila Guerra.
Além de um bate-papo com o público, Carol faz uma pequena oficina durante a qual vai discutir textos e ideias sobre a escrita. ;Na verdade, é uma espécie de aulão sobre contos e outros aspectos mais gerais de narrativas de ficção;, avisa.
[SAIBAMAIS]
Oficinas literárias são um tema sobre o qual Carol já escreveu. Não chegam a ser tradição no Brasil como são nos Estados Unidos, onde uma boa leva de autores contemporâneos são egressos dos cursos de creative writing, mas existem e a própria Carol deu os primeiros passos na escrita por esse caminho. A oficina ministrada pelo escritor Luís Antônio Assis Brasil desde os anos 1980 sempre foi uma referência para a produção gaúcha, e a autora passou por lá quando começou a escrever.
Oficinas
;Em algumas partes no Brasil isso pode ser novo, mas aqui (no Sul) realmente tem uma tradição e a maioria das pessoas que querem se tornar escritores acabam fazendo esse percurso. Tem outras oficinas que surgiram na cola do Assis Brasil aqui. É bastante difícil que alguém que se inseriu no mercado não tenha passado por alguma oficina;, avisa.
A dificuldade de acesso às grandes editoras para conseguir publicar os livros é uma realidade que a tecnologia e o mercado independente trataram de suprir. Publicado pela independente Não Editora, de Porto Alegre, o primeiro livro de Carol, Pó de parede, acabou nas mãos de uma editora da Companhia das Letras. A autora já trabalhava no primeiro romance, Sinuca embaixo d;água, e a editora pediu para ler o material.
;Uma editora grande, por mais que tenha um catálogo baseado em qualidade literária, dificilmente vai fazer uma aposta em um autor completamente desconhecido. É normal que essas pequenas editoras ou a autopublicação façam uma peneira;, ensina.
A relação de Carol com a literatura é sempre de total imersão. Ela gosta de se misturar e de viver um pouco do universo retratado. Depois de escrever sobre a morte de uma jovem de 20 anos em um acidente (Sinuca embaixo d;água) e sobre o reencontro de duas amantes (Todos nós adorávamos caubóis), Carol trabalha em um romance passado no norte da Califórnia, onde morou nos últimos seis meses.
Por conta própria, a autora alugou uma cabana no condado de Mendoncino, a três horas de São Francisco, para se dedicar à pesquisa e ambientação do livro. A preferência por personagens densos e por histórias de perdas, rompimentos e reencontros não é deliberada. ;Não é uma coisa que penso na hora. Depois, até posso detectar um padrão. Procuro escrever histórias sempre diferentes. A história que estou terminando de escrever agora imagino que seja completamente diferente do que escrevi antes. Mas, enfim, óbvio que tem temas que vão se repetir. Sei que tem uma forte melancolia no que escrevo. Não exatamente uma tristeza, mas uma coisa um pouco agridoce;, admite.
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LITERATURAS ; Encontro com autores da nova literatura brasileira
Com a escritora Carol Bensimon e a atriz Camila Guerra. Mediação: Paulo Paniago. Hoje, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Trecho 2, tel.: 61 3108-7600)