Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Segunda edição Cuerpos Libres acontece em dois locais simultaneamente

O projeto inicial dos integrantes da Cuerpos Libres era criar uma festa, mas eles viram a necessidade de expandir o formato



A população LGBT é, diariamente, alvo de discriminações. Segundo estudo feito pelo Grupo Gay da Bahia, mais de 340 pessoas foram mortas em 2016, considerado o ano mais violento desde 1970 para esse grupo da população. Tendo realidades e dados como esse em vista, foi criada a ação Cuerpos Libres, que coloca em pauta as diversidades sexual e de gênero, com a atuação focada na periferia do Distrito Federal.

;A pauta LGBT ainda tem pouca visibilidade dentro dos próprios grupos culturais do DF, como um todo. Por isso, é importante uma ação em que os protagonistas somos nós, onde podemos discutir e cocriar a realidade a partir do nosso ponto de vista;, declara o articulador da ação Ricardo Caldeira.

A luta por respeito e direito não chega nem perto de ser o único desafio enfrentado pelo grupo. ;A vida de um LGBT na quebrada é a mais discreta possível. As pessoas têm que evitar ser purpurinadas, fugir do padrão, para não sofrerem violência nas ruas;, expõe Webert da Cruz, um dos organizadores. Ele acredita que, para a transformação acontecer, os meios têm de ser além dos padrões heteronormativos e de opressões.

O projeto inicial dos integrantes da Cuerpos Libres era criar uma festa, mas eles viram a necessidade de expandir o formato. ;Por acreditar no poder da educação, da arte, do diálogo e da cultura para transformação e enfrentamento das opressões, a gente também entendeu que precisava realizar atividades antes da festa, para compreendermos e dialogarmos com as pessoas que não são LGBT, além de nos fortalecermos enquanto LGBT;, explica Webert.

A edição de estreia da Cuerpos Libres aconteceu em outubro de 2016, em Taguatinga, e foi o primeiro evento com a temática produzido no Mercado Sul. A programação contou com DJs, espaço de montagem colaborativa de drag e king queen, batalha de poesias e oficinas de twerk, vogue, maquiagem drag e autocuidado para mulheres lésbicas. A produção foi feita por meio de parcerias conseguidas pela articulação.

Nesta segunda edição, a Cuerpos Libres ; intitulada Colore São Sebas, amore ; acontece hoje, de modo simultâneo, em dois locais, ambos em São Sebastião. Na Casa Frida, estão previstos oficina de arte e de identidade de gênero, workshop de finalização de vídeo voltado para mulheres e roda de conversa sobre amor, ocupação e resistência na periferia. Já na loja BOOM, tem ;batalha das gurias;, grafitaço com homens transexuais, teatro, oficina de dança vogue e muita música. Tudo isso promovido por pessoas pertencentes ao mundo LGBT. E Webert adianta: ;A gente não quer nada além do que propagar o amor, o respeito, a dança e a arte;.


Cuerpos Libres
Colore São Sebas, amore

BOOM
(Residencial do Bosque, R. 9, Q. 19, São Sebastião). Hoje, das 15h às 22h. Evento com música, oficina de vogue, apresentação teatral, batalha de rap e poesia, grafitaço com homens trans e bloco com os DJs Afrobixas, Andy Viajante e Tropikox. Entrada franca. Classificação indicativa livre.


Casa Frida
(Vila Nova, R. 30, cs. 121, São Sebastião). Das 13h às 16h30. Oficina de arte e identidade de gênero, roda de conversa e workshop de finalização de vídeo para mulheres. Entrada franca. Classificação indicativa livre.