Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Quadrinista brasiliense Ana Maria Sena tem estímulo da ONU em exposição

Uma versão "girl power" de patricinha estará na mostra do Museu de Arte Moderna de São Paulo

Como milhares de crianças brasileiras, a quadrinista brasiliense Ana Maria Sena aprendeu a ler com os gibis da Turma da Mônica. Imagine a surpresa da artista ao receber um e-mail da ONU Mulheres com um convite inesperado. Na carta, foi chamada para representar a capital com uma releitura de uma personagem do quadrinho mais bem-sucedido do segmento. Ele emprestou os traços expressivos a uma versão ;girl power; da patricinha Carminha Frufru, a ser exibida em exposição na Semana da Arte HeForShe ; ElesporElas, realizada pela ONU Mulheres em parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

;Queria colocar uma nova imagem na Carminha Frufru porque ela era muito esnobe, tinha falsas amizades. A personifiquei como integrante de uma gangue de mulheres unidas batalhando por algo. Busquei desmistificar a imagem que ela já tinha;, conta a quadrinista e artista visual.

Em cartaz até o amanhã, a ação faz parte do projeto Donas da Rua, iniciativa da Mauricio de Sousa produções que completou um ano este mês. O foco é apresentar o feminismo às novas gerações. As ações de empoderamento da mulher são capitaneadas pela filha do artista, Mônica Sousa, com medidas que vão de palestras em escolas da rede pública a uma série virtual em homenagem a grandes mulheres da arte, a começar pela mexicana Frida Kahlo, além das brasileiras Anita Malfatti e Lygia Clark.

Tirando a ;poeira;


Com mais de cinco décadas de tradição, a Turma da Mônica percebeu a importância de se reinventar. Tirar a poeira, atender aos anseios da contemporaneidade e não cair no ostracismo. A Mauricio de Sousa produções sabe a influência que tem sobre leitores de quadrinhos da mais tenra idade. Para diminuir as discrepâncias de gênero no setor, desde o ano passado intensificou a atuação na busca por equidade de gênero.

Negra, feminista e moradora da periferia do Distrito Federal, Ana Maria Sena representa bem a nova imagem que a Mauricio de Sousa Produções quer para si. ;Eles são uma base importante na educação, uma referência. É importante alguém começar a falar sobre a misoginia nos quadrinhos, e que bom que tem começado com uma empresa tão importante. Não é possível que não vejam que tem algo anormal no machismo existente no setor;, afirma a moradora de Sobradinho.

Ela cita como exemplo um concurso de charge recente de um grande jornal brasileiro, que teve mais de 800 inscritos e 15 vencedores. Todos homens. ;Estamos tentando combater isso;, diz a estudante, que cursa o 5; semestre de artes visuais na UnB.