Ricardo Daehn
postado em 06/03/2017 07:30
Há 66 anos, uma mulher deselegante foi a personagem de Judy Holliday que, em Nascida ontem, desbancou três divas concorrentes ao Oscar. Volta e meia, o prêmio parece empenhado em mimar os bastidores do próprio fazer artístico. A Emma interpretada por Holliday ofuscou as atrizes de A malvada (Bette Davis e Anne Baxter, ambas vivendo atrizes no filme) e Gloria Swanson (estrela de cinema, em Crepúsculo dos deuses). Lutando a favor da imposição de seu talento, como aspirante a atriz (na trama de La la land), este ano, coube a outra Emma (a Stone) bagunçar todo o coreto de pompa e circunstância previsto para o 89; Oscar.
Pivô involuntário de uma confusão com os envelopes (que rendeu Oscar, por segundos, para La la land), Emma Stone, nos bastidores do Oscar, admitiu estar ;em outro planeta;. ;É o momento mais louco do Oscar de todos os tempos? Bacana. Nós fizemos história, hoje à noite;, comentou.
Ao receber a estatueta, Stone classificou como ;surreal; a vitória pelo papel que simula o dia a dia das colegas atrizes. Todas com talento e à caça de bons personagens ou, no mínimo, bons salários. Mas, La la land, a bem da verdade, nem traz tantas inovações em termos de coroação de uma candidata a estrela nas telas, quando se repassa boa parte da história do prêmio. Confira.
Gloria Grahame, Assim estava escrito (1952)
Lana Turner até estava em cena, mas quem roubou atenções foi Gloria Grahame, melhor coadjuvante, no filme que trata dos métodos absurdos usados na consolidação de um magnata a passos de se estabelecer no mundo do cinema.
Grace Kelly, Amar é sofrer (1954)
No longa indicado a sete prêmios Oscar, Grace Kelly (ganhadora, como atriz) interpreta um obstáculo para o retorno do decadente para o ex-astro da Broadway feito por Bing Crosby.
Rita Moreno, Amor, sublime amor (1961)
A única artista hispânica detentora do Grammy, do Tony (relativo ao teatro), do Emmy (concedido pela tevê) e do Oscar, na trama do musical vencedor de uma dezena de estatuetas, Rita Moreno interpreta uma fogosa porto-riquenha.
Julie Christie, Darling, a que amou demais (1965)
No mundo dos penteados, do saltos altos, dos paetês e das passarelas, a beldade interpretada por Julie Christie (melhor atriz) se entrega a uma vida desregrada na desenfreada busca por alpinismo social.
Barbra Streisand, Funny girl ; A garota genial (1968)
Pelo clássico papel de Fanny Brice (na vida real, destaque como atriz e cantora), Streisand dividiu a estatueta de melhor atriz com Katharine Hepburn.
Liza Minnelli, Cabaret (1972)
Bob Fosse foi bem lembrado pela comparação de All that jazz (1980) com La la land, dois raros musicais no Oscar representados por músicas e roteiros originais, mas com Cabaret, anos antes, entregou o papel de uma vida para Liza Minnelli (dona de Oscar), que interpreta uma cantora às vésperas da ascensão do nazismo.
Jessica Lange, Tootsie (1982)
Dez indicações ao Oscar e apenas uma conquista: Jessica Lange (melhor coadjuvante) deu vida, na comédia, ao par romântico de um ator que, desempregado, se finge de mulher para pagar as contas, à base do salário numa produção de tevê.
Dianne Wiest, Tiros na Broadway (1995)
Foram sete indicações e um prêmio de coadjuvante (Wiest) para esta comédia de época orquestrada por Woody Allen. Nela, Dianne Wiest é fenomenal como a diva pernóstica que repete, à exaustão (ao pretendente, feito por John Cusack), uma frase: ;Por favor, não abra a boca!”.
Gwyneth Paltrow, Shakespeare apaixonado (1998)
Foi o Oscar de atriz que mais doeu nos brasileiros: uma jovem norte-americana desbancou a concorrente Fernanda Montenegro (por Central do Brasil). No filme de John Madden, Paltrow dá vida a Viola ; uma atriz, por contingência, travestida.
Catherine Zeta-Jones, Chicago (2002)
Ao lado da protagonista Renée Zellweger (também indicada ao Oscar), a ganhadora Zeta-Jones ; que interpreta vários números musicais no longa de Rob Marshall ; compareceu à cerimônia de 2003 com uma enorme barriga de gravidez.
Natalie Portman, Cisne negro (2010)
Há 12 anos, Portman (concorrente de Emma Stone, recentemente, por Jackie) já havia concorrido ao Oscar por Closer: perto demais, em que dançava sensualmente. Num papel bem mais dramático, com direito à angustiante cena de dança, Portman venceu o Oscar, em performance pela qual parecia possuída, no filme de Darren Aronofsky.
Há 12 anos, Portman (concorrente de Emma Stone, recentemente, por Jackie) já havia concorrido ao Oscar por Closer: perto demais, em que dançava sensualmente. Num papel bem mais dramático, com direito à angustiante cena de dança, Portman venceu o Oscar, em performance pela qual parecia possuída, no filme de Darren Aronofsky.
Reese Witherspoon, Johnny & June (2005)
Onze anos antes de brilhar na condução de Logan, James Mangold dirigiu a eterna queridinha da América numa performance que exigiu da legalmente loura os dotes vocais próximos aos da protagonista (ao lado de Joaquin Phoenix) June Carter, companheira de Johnny Cash por mais de 35 anos.
Penélope Cruz, Nine (2010)
Canção original, direção de arte, figurinos, e... Penélope Cruz renderam indicações ao Oscar, no retorno do cineasta de Chicago Rob Marshall ao cobiçado prêmio hollywoodiano. Provocativa ao cubo, de lingerie, Cruz canta A call from the Vatican, prometendo fazer a personagem ;fumegar e gritar;. Quem duvida?
; Para se levar a sério
Margot Robbie
Além de emprestar a voz para dois filmes de animação (ainda em produção), a Arlequina de Esquadrão suicida voltará em Sereias de Gotham, e estará em Terminal, com Mike Myers
Shailene Woodley
Aos 25 anos, Woodley já teve indicação ao Globo de Ouro, por Os descendentes (2012), encabeçou A culpa é das estrelas e a série de filmes Divergente, além de, atualmente, estar na minissérie Big little lies
Arielle Kebbel
Aos 32 anos, ultrapassou a fase teen de notoriedade, com O grito 2 e Todas contra John. Na primeira metade da lista das 100 pessoas mais sexies, em eleição da revista Maxim, Kebbel promete estourar, na pele de Gia Matteo, no futuro Cinquenta tons de liberdade
Cara Delevingne
Inglesa e conhecida pelo personagem de Cidades de papel, Cara tem dois projetos de peso, em curso: A febre da tulipa (em que contracena com os ganhadores do Oscar Alicia Vikander e Christoph Waltz) e Valerie e a cidade dos mil planetas, a cargo do midas Luc Besson.