Ao longo das duas últimas décadas, o trabalho de músicos brasilienses, cada vez mais, tem recebido reconhecimento no exterior, a partir de apresentações em festivais, turnês e também nas oficinas que ministram. Nesses eventos, eles exibem para plateias diversas o talento burilado em salas de aula de instituições da capital como Departamento de Música da UnB, Escola de Música e Escola Brasileira de Choro Raphael Rabelo.
Ultimamente, é assídua a presença em palcos sul-americanos, norte-americanos e europeus de artistas candangos ou originários de outras regiões brasileiras, mas que iniciaram a carreira aqui na cidade. Alguns foram mais além, tocando em países da Ásia, África, Oriente. E há até os que se fixaram nos Estados Unidos, França e Dinamarca. O Correio mostra aqui para onde alguns deles levaram musicalidade.
Rosa Passos
A cantora, compositora e violonista baiana-brasiliense fez a estreia internacional no Japão, em 1992. Depois, por mais cinco vezes, levou àquele país sua música, com sotaque bossanovista. Nos Estados Unidos, tem ido há 20 anos e, lá, gravou discos com a participação dos consagrados jazzistas Ron Carter e Yo-Yo Ma. ;Em maio de 2016, fiz show solo no mítico Carnegie Hall, para plateia lotada; e em novembro, fui a única artista brasileira a participar da programação comemorativa do centenário do jazz;, conta. Rosa possui ainda o título de Doutor Honoris Causa, conferido pela Berklee. Em breve, ela volta à Europa ; onde tem ido com regularidade ; para shows na Suíça.
Hamilton de Holanda
As portas se abriram no exterior para o bandolinista em 2002, após ele ter ganhado bolsa que o levou a radicar-se por um ano em Paris. Desde então, o músico já fez turnês pela Ásia, África, Oceania, América Latina e América do Norte. Mas para onde tem ido com impressionante frequência é a Europa. Nas duas últimas décadas, fez pelo menos três excursões por ano. Dos muitos eventos que tomou parte, ele destaca o Umbria Jazz Festival, em Perugia (Itália), em 2013, onde se apresentou ao lado dos pianistas Chick Corea e Stefano Bollani. ;Em junho, retorno a Nova York para um show com Winton Marsalis, no Lincoln Center;, adianta Hamilton.
Choro Livre
Há 18 anos, o Choro Livre, tem cumprido turnês internacionais. América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e África são regiões para onde o conjunto regional brasiliense já levou o estilo musical tido como a gênese da MPB. Nos Estados Unidos, onde já foi algumas vezes, o grupo tocou em Nova York e emBoston. ;Na Berklee, em 2014, além de fazermos apresentações, proferi palestra sobre a história do choro, que foi gravada e levada para salas de aula. Já estivemos duas vezes em Paris, outras tantas na Espanha e, há três anos e meio, tocamos na Feira do Livro de Frankfurt (Alemanha);, recorda-se o líder do grupo, Reco do Bandolim.
Oswaldo Amorim
Contrabaixista com mestrado em jazz performance na Manhattan Scholl of Music, de Nova York, esse carioca-brasiliense morou durante quase cinco anos naquela cidade, onde teve intensa atuação musical. O som de Oswaldo foi ouvido em lugares consagrados como Blue Note, Birdland, Kniting Factory, Village Undeground e The Easy Bar. Lá, se apresentou ao lado de Eumir Deodato (piano), Robin Eubank (trombone), Paul Bollenback (guitarra) e do cantor Vinicius Cantuária. ;Com o compositor e pianista russo Andrei Kondakov, fiz turnê pela Rússia e Ucrânia. Já estive também em Cuba, Equador, Paraguai e na Argentina, onde, em 2012 e 2014, participei do La Plata Jazz Festival e ministrei seminário sobre música brasileira; e do Notorious Jazz Club, em Buenos Aires, com o americano Mike Tracy, em 2014;, recorda-se.
Dudu Maia
;Desde 2004 que viajo a trabalho para o exterior. Aos Estados Unidos, onde tenho uma carreira consolidada, costumo ir três vezes por ano. Lá, tenho feito turnês de Nova York a Los Angeles. A partir de 2009 passei a ministrar oficinas de choro em Seatle para norte-americanos. Eles demonstram muito interesse pelo gênero;, destaca o bandolinista Dudu Maia, que já foi professor da Escola Brasileira de Choro. Em maio, Dudu volta para mais uma série de apresentações naquele país, com a clarinetista israelense Anat Cohen, que gravou recentemente disco em duo com Marcos Valle. Em seguida, os dois excursionarão pela Europa. ;Já estive outras vezes na Europa e, numa delas, há oito anos, toquei na Conferência Olímpica, realizada na Dinamarca;, orgulha-se.
Dillo Daraújo
A carreira internacional do guitarrista teve início no começo desta década. Desde então, ele já se apresentou nos Estados Unidos, Europa, Austrália e Nova Zelândia. A turnê mais recente foi em 2014, quando fez turnê com o cantor e compositor norte-americano/argentino Kevin Johansen, pelo continente europeu. ;Em Londres, ouvi de alguém da plateia que meu som parecia africano e não brasileiro. Aquilo me estimulou a pesquisar ritmos originários do Camarões, Congo e Nigéria;, revela.
Pedro Martins
O batismo musical do jovem instrumentista no exterior foi em abril de 2014, quando tocou em bares e cafés de Nova York. No ano seguinte, ao participar do Socar Guitar Competion, no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, do qual saiu vencedor, passou a ter mais oportunidades na carreira. Em julho do ano passado, Pedro voltou a tocar no evento, como convidado. Na sequência, como convidado da banda do alemão Kurt Rosnwinkel, fez shows na Itália, Irlanda e Berlim. ;Agora estou indo a Londres para mixar Sertão profundo, disco que é um dos prêmios que recebi por ter vencido a competição de guitarra no Festival de Montreux;, comemora.
Ian Couri
Em 2015 o bandolinista foi para os Estados Unidos, como aluno do curso global Strings Intensiva, promovido pela Berklee College of Music, em Boston. No ano passado, participou do 1; Festival Internacional de Mandolin de Nova York, fez apresentações com o baixista brasileiro Ebinho Cardoso ; residente em Boston; e ganhou bolsa para o 30; Annual Classical Mandolim Society of America, realizado na Filadélfia. ;Em janeiro último, em duo com o Ebinho, fiz shows em Chicago. Depois de sermos selecionados, participamos na Califórnia da National Association of Music Merchants, importante feira que reuniu músicos de várias partes do mundo;, ressalta.
Eduardo Belo
Ao radicar-se nos Estados Unidos há cinco anos, o contrabaixista inicialmente fez mestrado no Queens College of New York. Desde então, tem trabalhado bastante com várias formações. Uma delas é num trio clássico de jazz, na companhia de Kevin Hays (piano) e Ari Hoenig (bateria). Mas Eduardo costuma acompanhar artistas brasileiros que também moram em Nova York ou passam por lá, entre eles a cantora Bebel Gilberto, o violonista e compositor Chico Pinheiro, e os músicos Mário Adnet e Cláudio Roditi. ;Já fiz shows na Rússia com o guitarrista Hendrik Muerkin e turnê pela Finlândia e Suécia, ao lado do também guitarrista Olli Soikkeli;, relata.
Lívio Almeida
Saxofonista que estudou na Escola de Música e no Departamento de Música da UnB, Lívio mora em Nova York há mais tempo. Com especialização em jazz performance, pelo Brook College, ele é residente do Zinc Bar, em West Village, onde toca com vários músicos de jazz, além de participar de muitos festivais. ;Tenho um CD lançado em que gravei composições autorais, faço parte do sexteto do pianista Artur O;Farrille e de uma big band especializada em música brasileira;, anuncia, sem esconder a orgulho.
Márcio Faraco
Contemporâneo de Cássia Eller, o cantor e compositor gaúcho deu início à carreira artística em Brasília. Morador de Paris há mais de 20 anos, ele fez da capital francesa sua base, para sucessivas turnês pela Europa, onde seu trabalho é reconhecido. Naquele continente lançou oito discos e dividiu palco com Chico Buarque e Milton Nascimento e o cubano Compay Segundo, do Buena Vista Social Club. Márcio já fez shows também no Blue Note, em Nova York, e no Festival de Jazz de Montreal. ;No momento estou gravando um CD em que interpreto canções francesas. Os anteriores foram todos de músicas autorais, em português;, lembra.
Vanja Santos
Em meados da década de 1980, a cantora radicou-se na Dinamarca, onde construiu uma carreira bem avaliada, interpretando canções em português, espanhol, inglês e do país que a acolheu. Dali, tem saído para apresentações em festivais de jazz por toda a Europa, acompanhada por músicos dinamarqueses, brasileiros e de outras nacionalidades. ;Em 2016 fiz show para comemorar os 100 anos do samba em Amsterdam. Meu novo projeto é o afro-samba-jazz, que vou estrear num Festival de Jazz em Berlim;, adianta.