Tiago Barbosa
postado em 21/02/2017 09:17
Quando a crise de 2008 afundou parte do mundo em uma recessão econômica, organismos supranacionais começaram a esboçar iniciativas para frear a especulação desmedida do mercado de ações e evitar negociações de valores sem paralelo com a realidade. A regulamentação e a transparência das transações efetuadas pelos executivos de Wall Street, coração do sistema financeiro internacional, se impuseram como medidas necessárias à saúde da economia e do próprio capitalismo.
A fiscalização dos aparelhos do estado sobre a lisura do trabalho dos corretores da bolsa é o pano de fundo da aclamada série Billions (2016-, Showtime), cujo primeiro capítulo da segunda temporada já está disponível na Netflix. A entrada dos episódios no catálogo do serviço será semanal, toda segunda-feira, um dia depois da exibição nos Estados Unidos.
O seriado extrapola o embate entre o público e o privado para mostrar como a relação entre as duas esferas sociais se curva a questões particulares, sobretudo manifestações psicológicas como vaidade e ambição.
De um lado, está o gestor de fundos de investimento Bobby Axelrod (Damian Lewis, de Homeland), bilionário, orgulhoso, filantropo, um gênio bem-sucedido no mercado de ações, capaz de antecipar tendências e fazer apostas arriscadas para lucrar cifras intangíveis. A ele, se contrapõe o procurador federal Chuck Rhodes (Paul Giamatti, de Anti-herói americano), imbatível em processos, adepto do sadomasoquismo, preocupado em ascender na hierarquia do serviço público e obstinado em enquadrar o novo arqui-inimigo.
O acirramento do confronto explorado durante na primeira temporada faz a dupla priorizar o ego sobre a ética, a família e os relacionamentos. Em uma das cenas, o executivo se vale do estado moribundo de um amigo e funcionário com câncer terminal para conseguir vantagem no mercado. Em outra, o procurador invade a intimidade da esposa, espécie de terapeuta a serviço do fundo de investimentos, para descobrir segredos do oponente.
Os deslizes morais, a conduta dúbia e a abordagem da promiscuidade entre estado e mercado são o trunfo da série e devem se intensificar na segunda fase, já com os dois adversários combalidos física e mentalmente pela própria falta de limites em uma seara - dentro e fora das telas - incontrolável e sempre em crise.
Assista ao trailer:
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