<div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/02/13/573114/20170213083323415143e.jpg" alt="Cena de 'A espera': Juliette Binoche vive uma mãe desnorteada com a ausência do filho" /> </div><div style="text-align: justify">Com a experiência de ter mostrado o curta-metragem <em>Terra</em>, no Festival de Cannes, o diretor italiano Piero Messina viu as portas abertas, há quatro anos, para a produção do longa de estreia, <em>A espera</em> que já vem calibrado por três prêmios paralelos no Festival de Veneza. Messina viu o colega de profissão Gianfranco Rosi vencer o Urso de Ouro no Festival de Berlim pelo documentário <em>Fogo no mar</em>, mesmo filme tido como o melhor do prestigiado European Film Awards e que está na corrida pelo Oscar de melhor documentário.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">De Roma, ao telefone, Piero Messina celebra o momento de exposição de <em>A espera</em>: ;O filme foi vendido para mais de 20 países. Para mim, o mais importante é ele ser visto em vários lugares ao mesmo tempo;. Criar o longa, a princípio moldado no cinema independente, não foi tão fácil, especialmente depois da entrada da estrela Juliette Binoche no elenco. ;O filme ganhou outro orçamento, com a chegada ao patamar de 3 milhões de euros. A pressão realmente aumentou na conjuntura;, observa.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Com o filme ; que alinha as personagens Anna (Juliette Binoche) e Jeanne (Lou de Laâge) para uma dolorosa despedida, o diretor concorreu ao importante troféu italiano David di Donatello. ;O foco do filme não está nos eventos e menos ainda, nos diálogos; na verdade, a trama é construída nos silêncios entre uma palavra e outra. Essa noção veio de uma observação de Binoche, que clarificou muito o caminho que passei a trilhar antes das filmagens;, conta.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A parceria com a estrela francesa veio pela necessidade de uma atriz que alcançasse ;o tom emocional;. ;Pouco me importava que Binoche fosse francesa, italiana ou brasileira. Não estava interessado na língua usada pela atriz, buscava, precisamente, sentimentos. Adaptei e reescrevi todo o roteiro para tê-la no filme;, diz o diretor que mudou a nacionalidade original da protagonista prevista para ser precisamente da Sicília, na Itália.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">;Para mim, foi muito importante o contato com o longa clássico de Roberto Rossellini Viagem à Itália (1954). Fui mobilizado ainda pela possibilidade de a protagonista de Juliette ter experimentado, num passado de duas décadas, situações passadas pela personagem de Lou de Laâge, que, aliás, à época das filmagens, nem era tão famosa quanto é hoje, estrelando filmes como <em>Respire</em>;, comenta Messina.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em <em>A espera,</em> obra que abraça ralo mote da peça <em>A vida que te dei</em>, de Luigi Pirandello, Messina parece mais próximo de Samuel Beckett, o dramaturgo irlandês de <em>Esperando Godot.</em> ;Na verdade, o filme foi mais inspirado pela realidade do que pela obra de Pirandello. Um amigo foi quem me contou da ida a um enterro em que, a pedido do pai do rapaz morto, ninguém podia falar nele. Foi uma coisa que me tocou muito: o que levaria alguém a essa decisão?;, comenta o realizador.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A vida real rendeu inspiração para o roteiro, até que um conhecido de Messina percebeu a ponte entre o texto e a peça de Pirandello. ;O livro não foi tão fundamental: basicamente, ele me trouxe mais a solução para o fim do filme;, avalia o diretor. Com reforçada presença feminina na trama, <em>A espera</em> guarda para o desfecho a chegada de rapazes no enredo. ;Isso implode muito das relações pouco a pouco construídas até aquele momento. A partir dali, começam as fusões entre o que era verdade e aquilo que era mera mentira na interlocução entre as personagens;, adianta.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h2 style="text-align: justify"><strong>Pupilo de Sorrentino?</strong></h2><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Aos 35 anos, Messina contou com uma rede de apoio importante, na estreia em longas: nada menos do que os mesmos produtores de <em>A juventude</em>, assinado por aquele que é, de longe, o nome atual mais quente na indústria italiana: Paolo Sorrentino. Claro que isso não se deu ao acaso ; Piero Messina foi assistente de direção de <em>A grande beleza</em>, pelo qual Sorrentino venceu o Oscar e o Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira. Ainda assim, não encoraja maiores comparações com o mestre.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">;Acho que a imprensa exagerou ao falar do nosso grau de amizade e do nosso relacionamento profissional. Mas, sem dúvida, como todas as coisas que te causam impacto e mobilizam o teu amor, muito é absorvido em influências;, explica.</div>