<div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/02/13/573112/20170213081633540012a.JPG" alt="Produção brasileira de quadrinhos atual tem variedade de temas e assuntos, defende o brasiliense Lucas Gehre" /><br /></div><div style="text-align: justify">Apontada como o mal do século, a depressão é abordada com frequência nos quadrinhos. Mestres na arte, nomes como Neil Gailman (especialmente em <em>Morfeu</em>) discutem a temática no que produzem. Uma comprovação de que nem só de super-heróis imbatíveis e heroínas que nunca choram são feitas as HQs, seja no formato impresso, sejam as publicadas em páginas virtuais. Além da depressão, outros sentimentos e sensações tidas como negativas ; e aí se encaixam a solidão, a melancolia, a ansiedade, as crises existenciais, o pessimismo, a frustração ; viram mote para diversos artistas do segmento. Mais que ;mimimi;, como é chamadas na internet as reclamações sem motivo aparente, as publicações servem como ferramenta para os próprios criadores expurgarem pensamentos controvertidos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">;Há a questão de sentir que algo foi colocado em ordem, ajudando a se entender e se expressar para terceiros;, explica Julian Franco, responsável pela página <em>Relatos de um dia incrivelmente mediano</em>. ;Acredito que os quadrinhos são a forma mais representativa e dinâmica de falar sobre a depressão. Uma tirinha pode causar uma sensação de peso tanto quanto falar friamente e de modo formal sobre isso, mas a dinâmica faz com que o assunto se expanda mais. Imagino que a maioria das pessoas se sinta melhor quando vê uma situação, sensação ou pensamento representado por meio da arte, ainda que não sejam lá de temas muito agradáveis;, defende.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Quadrinhos reflexivos viram, também, uma maneira de passar aos leitores a mensagem de que todos sofremos, em diferente grau e constância. ;Os quadrinhos são uma linguagem complexa e acho que podem servir para falar de qualquer coisa, só depende da intenção do autor, ter ou não ter palavras não é exatamente o que limita o assunto de um trabalho. Inclusive, uma das coisas que mais me interessa na produção brasileira de quadrinhos atual é a variedade de temas e assuntos, a abertura;, defende o brasiliense Lucas Gehre.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h2 style="text-align: justify"><strong>Universo em bolha de tinta<br /></strong><strong> </strong></h2><div style="text-align: justify">A quadrinista Bruna Morgan enfatiza que não quer deixar as pessoas tristes com suas obras. Sempre dá o recado como uma forma de alertar o público sobre o teor das postagens. Ela não foge de temáticas com questões psicológicas como pano de fundo. Vai do bullying ao suicídio. A explosão da paleta de cores da artista se contrapõe ao simbolismo das publicações postadas no Facebook, Instagram, blog e Tumblr.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h2 style="text-align: justify"><strong>Magra de ruim </strong></h2><div style="text-align: justify"> </div><div style="text-align: justify">Autobiográficos e surreais, as tirinhas de Sirlanney conquistaram mais de 220 mil fãs no Facebook ; a ponto de, no ano passado, a série <em>Magra de ruim</em> virar coletânea homônima pela editora Lote 42. Grafite, carvão, aquarela e tinta guache são algumas das técnicas usadas para dar ar fluido e espaço para que a cearense fale sobre os dramas pessoais, de amor não correspondido a desilusões fugazes.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h2 style="text-align: justify"><strong>Quadrinhos insones </strong></h2><div style="text-align: justify"> </div><div style="text-align: justify">A relação com a solidão é um dos pontos mais investigados pelos artistas Diego Sanchez e Felipe Portugal na página <em>Quadrinhos insones. </em>No ano passado, a série publicada desde 2012 no Facebook virou uma coletânea física, lançada pela editora Mino.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h2><strong>Batata frita murcha </strong></h2><div style="text-align: justify"> </div><div style="text-align: justify">Nas imagens do coletivo dos artistas brasilienses Heron Prado, Augusto Botelho, Daniel Lopes e Gabriela Masson, assuntos como desilusão, pessimismo e frustração são recorrentes em tirinhas, geralmente, com três quadros. Sem medo de esbarrar em polêmicas, a ideia é criticar a parcela da sociedade que busca, de forma exagerada, uma felicidade utópica. Os traços manuais ficam marcadas na estética, que tende à orgânica com o uso de cores pouco vibrantes.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h2 style="text-align: justify"><strong>O coelho da lua </strong></h2><div style="text-align: justify"> </div><div style="text-align: justify">Os traços delicados da ilustradora Dora Leroy, colaboradora da revista Capitolina e dona da página <em>O coelho da lua</em>, não impedem de usar caneta (ou nanquim, lápis e pincel) e papel para falar de sensações que muitos preferem evitar, como a de não pertencimento e de vazio existencial.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h2 style="text-align: justify"><strong>Relatos de um dia incrivelmente mediano</strong></h2><div style="text-align: justify"> </div><div style="text-align: justify">De camisa listrada e pele pálida, o personagem discorre sobre uma rotina não tão fantástica quanto a que muita gente prega nas redes sociais. No Facebook, a página criada no ano passado tem mais de 100 mil likes. Atualmente, há uma campanha em um site de financiamento coletivo para que a artista continue a produzir os desenhos com a mesma frequência. Temas existenciais, como a introspecção aparecem nos desenhos. A solidão, às vezes, é representada como peso, outras, no sentido positivo ; a solitude.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h2 style="text-align: justify"><strong>Quadradinhas </strong></h2><div style="text-align: justify"> </div><div style="text-align: justify">Publicadas no Facebook desde 2015, as <em>Quadradinhas,</em> do reconhecido artista brasiliense Lucas Gehre, tem como única regra o formato quadrado, na maior parte das vezes, dividido em nove quadros. Embora não tenha um mote específico, o processo de construção das tiras por vezes esbarra na tristeza e melancolia. ;É interessante falar de um conjunto mais abrangente de emoções, sentimentos, ideias e pensamentos;, conta Gehre.</div>