As últimas mensagens publicadas no perfil do cantor de jazz Al Jarreau, na quinta-feira passada, indicavam a esperança de recuperação. Na véspera, o norte-americano Alwyn Lopez Jarreau tinha sido internado por exaustão e cancelou as apresentações marcadas para este ano. ;Eu sei que vocês ficarão felizes em saber que Al Jarreau está se recuperando;, afirma um dos textos. ;O filho de Al Jarreau relata que flagrou o pai cantando Moonlighting a uma das enfermeiras ontem!”, acrescentava outra mensagem, de 9 de fevereiro. Ganhador de sete prêmios Grammy ; nas categorias jazz, pop e rythm and blues ; e dono de vários sucessos nas décadas de 1970 e 1980, incluindo Mornin;, Breakin; Away, After All e We;re in this love together, Al Jarreau morreu às 6h (meio-dia em Brasília), aos 76 anos, em Los Angeles. Estava acompanhado da mulher, Susan; do filho, Ryan; de amigos e familiares. A causa da morte não foi divulgada. Segundo o site TMZ, o músico lutava contra problemas respiratórios e cardíacos. A família deve realizar um funeral aberto apenas para as pessoas mais próximas.
[SAIBAMAIS]Em comunicado publicado no perfil do cantor no Twitter, Ryan pediu aos fãs que não enviem flores ou presentes. ;Uma página de doações foi montada para a Wisconsin Foundation for School Music;, explicou, em referência a uma entidade que apoia professores de música em Milwaukee, onde Al Jarreau nasceu. Uma mensagem divulgada no site do artista afirma que ele tinha duas prioridades. ;A primeira era curar ou confortar aqueles que precisavam. (;) A música era apenas uma ferramenta para fazer com que isso ocorresse. A segunda prioridade na sua vida era a música.; Em entrevista ao Correio, Charles ;Icarus; Johnson, ex-guitarrista de Al Jarreau, desabafou: ;Ele era uma força da natureza; (leia o Três perguntas para). Um dos maiores sucessos da carreira foi Moonlighting, música tema do seriado conhecido no Brasil como A gata e o rato, estrelado por Bruce Willis.
Os vínculos com o Brasil estavam nas referências ; ele começou a apreciar a música brasileira em 1963, com Tom Jobim, Baden Powell, Sergio Mendes, Milton Nascimento e Ivan Lins ; e em várias apresentações, como o Rock in Rio de 1985 e a Heineken Concerts, em 1997, quando fez dueto com Djavan. ;A música brasileira mudou a minha vida, colocando novos ritmos, emoções e sentimentos dentro do meu coração e da alma jazzista. O Brasil mudou minha vida e me sinto muito melhor por causa disso;, declarou, em 2014, durante turnê pelo país. No ano seguinte, voltou ao Rock in Rio, onde se apresentou no Palco Sunset com Marcos Valle. A inclusão da canção Mas que nada, composta por Jorge Ben Jor, no álbum Tenderness ilustra essa paixão.
A cantora de jazz Dianne Reeves, cinco vezes ganhadora do Grammy, rendeu homenagem com uma mensagem publicada no perfil de Jarreau, no Twitter. ;O céu festeja hoje!”, escreveu.
Rock in Rio
A médica paulistana Júlia Oliveira, 51 anos, tinha 18 quando teve a oportunidade de assistir ao show de Al Jarreau, durante o Rock in Rio de 1985. ;Fui por causa do James Taylor, mas foi bem legal. Al Jarreau cantou suas músicas mais conhecidas, ainda não era muito famoso por aqui. Foi um dia de tranquilidade no meio de tanto rock;, relembra. Ela diz não se recordar de muitos detalhes, mas conta que ;foi uma noite linda para namorar;. ;Mornin; era a música mais popular dele, até hoje, acho. George Benson completou aquela noite de jazz.;
Também morador de São Paulo, Jose Colagrossi, 60, diretor do Ibope Repucom, afirma ao Correio que tinha dois álbuns de Al Jarreau antes de We;re in this love together, o seu primeiro grande sucesso. ;Sou fã de jazz e também estive naquele Rock in Rio. Eu me lembro de que a grande maioria das pessoas conhecia apenas uma música dele, sua versão de Your song, de Elton John, a qual ele não cantou no show. Mesmo assim, e muita gente ficou desapontada por isso, o concerto agradou demais, por causa de sua versatilidade e sensibilidade. Acabou sendo um dos melhores shows do festival.; Na opinião dele, isso provou que Al Jarreau não seria cantor de um sucesso apenas. ;Ao contrário de muitos artistas, ele jamais se vendeu ao estilo pop para comercializar mais CDs e ganhar mais dinheiro. Para ele, o seu estilo sempre foi mais importante do que o sucesso comercial e financeiro.;
Al Jarreau era o músico favorito do webdesigner norte-americano David Padilla,56, de Santa Ana (Califórnia). ;Eu o vi pela primeira vez em 1985, estava no topo da popularidade. Quinze anos depois, pude encontrá-lo após um concerto em Mission Viejo. Conversamos sobre outros shows aos quais assisti nas décadas de 1980 e de 1990. Em um deles, Miles Davis fez a abertura, em San Francisco. Foi um prazer conhecê-lo. Ele era gentil e humilde;, afirma ao Correio.