Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Ricardo Herz mistura violino à música popular em novo disco

O músico é acompanhado pelo violonista Michi Ruzitschka e o baterista Pedro Ito em 'Torcendo a terra'


Esqueça os recitais clássicos, as roupas formais e as execuções que seguem à risca as notas da partitura, Ricardo Herz é um violinista diferente. Não que ele não tenha técnica e estudo suficientes para tocar música erudita. Pelo contrário, a formação inicial do músico vem do ambiente tradicional. O desafio mesmo era levar o instrumento para a música popular. ;Hoje não é mais tanto um desafio, porque desde 2002 venho neste caminho;, conta o instrumentista, que lança agora o disco Torcendo a terra, com o Ricardo Herz Trio (formado por ele, o violonista Michi Ruzitschka e o baterista Pedro Ito).

Apesar de não ter uma tradição brasileira, o violino faz parte da cultura popular de muitos países, conta Ricardo. ;O violino é um instrumento muito versátil, presente na música de vários lugares do mundo. Muito adaptável para se encaixar em qualquer estilo;, esclarece. Torcendo a terra é o sétimo álbum do músico ;E todos eles são baseados nessa ideia de trazer o violino para a música popular;, completa.

Para incorporar o violino aos ritmos brasileiros, Herz estudou diversos instrumentos que já tinham lugar na tradição musical do país. ;Além da rabeca (que é praticamente um violino rústico), estudei também a sanfona, a flauta, o bandolim, que já foram muito explorados na nossa música;, lembra.

Em Torcendo a terra, Ricardo assina (algumas com parceiros) quase todas as composições. A única exceção é Atlântica, de Ernesto Nazareth. O violinista compôs o disco já pensando no formato de trio e na maneira como cada um dos músicos toca e pensa a música. ;A gente vem tocando junto há muito tempo, sabe como cada um se comporta, eu me achei nesse formato que permite muita sutileza e é muito versátil;, destaca.

Apesar de ter claramente uma pegada brasileira, a música do trio extrapola os limites do país e absorve influências de várias outras regiões do mundo. Herança também do tempo em que Ricardo morou e estudou fora, foram 10 anos longe do país (nos Estados Unidos e na França). ;Desenvolvi muito do meu jeito de tocar na França, que é um berço do jazz no violino e muito da minha composição tem influência desse olhar para todas as regiões, que é característica do jazz francês;, conta.

A maneira de pensar e incorporar influências é uma característica de todo o trio, garante Ricardo. ;Fazemos uma música muito brasileira, mas que tem elementos de todo mundo. É uma característica de manter o ouvido aberto para fora do Brasil e ter um pouco dessa influência de tudo;, acrescenta.

O álbum conta também com contribuições do percussionista Zé Luis Nascimento, do acordeonista Mestrinho, do saxofonista Teco Cardoso e do bandolinista Fábio Peron. ;São quatro participações de músicos que eu sempre admirei, mestres em seus instrumentos;, elogia.


Torcendo a terra
Ricardo Herz Trio. Independente. 8 faixas. R$ 30.