Diversão e Arte

Drama com toques policiais, 'Animais noturnos' é estrelado por Amy Adams

Comandado por Tom Ford, o longa está cotado, na corrida pelo Globo de Ouro

Ricardo Daehn
postado em 29/12/2016 07:00

Comandado por Tom Ford, o longa está cotado, na corrida pelo Globo de Ouro

Cineasta e mago da moda que, além da elite de Hollywood, já vestiu até o 007 de Daniel Craig nas telas de cinema (em Quantum of solance), Tom Ford dirige dois astros capazes de representar, no passado, a perfeição de um príncipe e uma princesa, em papéis marcantes: Amy Adams (Encantada) e Armie Hammer (Espelho, espelho meu). Se a premissa nos bastidores da grande estreia da semana nos cinemas, Animais noturnos, parece apontar para leveza e frivolidade, esqueça! O filme é pauleira pura. Logo na abertura do longa, uma interminável cena ; que mostra a visitação a uma galeria de arte ; expõe gorduras bamboleantes de modelos que desafiam os ditos padrões de beleza vigentes.

Com músicas à la produções hitchcockianas e abordagem elegante que faz lembrar Um corpo que cai (1958), Animais noturnos avança num misto entre drama e policial, com suspense de tirar o fôlego.

Baseado no romance Tony & Susan, escrito pelo septuagenário Austin Wright (morto em 2003), o longa de Tom Ford faturou o Grande Prêmio do Júri, no Festival de Veneza, e está bem cotado, na nova temporada de premiações. No Globo de Ouro, a ser entregue em 8 de janeiro, o longa concorre em três categorias: direção, roteiro e melhor ator coadjuvante (Aaron Taylor-Johnson).

Ao lado de Amy Adams, que interpreta uma entediada negociante do ramo das artes plásticas, quem encabeça o filme é Jake Gyllenhaal (O segredo de Brokeback Mountain). Dois anos depois da elogiadíssima interpretação em O abutre, com personagem que explorava desgraças alheias, Gyllenhaal, em Animais noturnos, vive o próprio martírio.

Entra em cena, uma impiedosa violência capaz de atingir Tony (Gyllenhaal) e a família dele, numa quebrada de desértica estrada norte-americana. Quem investe contra os personagens é Ray, um amalucado tipo feito pelo inglês Aaron Taylor-Johnson, sempre associado ao blockbuster Kick-Ass: quebrando tudo (2010). Animais noturnos, para ele, demarca uma virada de patamar na carreira.


Consagração
Em questão de projeção, o cineasta Tom Ford não fica atrás, já que, depois de ter brincado com a própria imagem (na comédia Zoolander) e despontado na direção, como estreante em Direito de amar (2009), se afirma na disputa pelo Globo de Ouro de direção, ao lado de nomes consagrados como Mel Gibson e Damien Chazelle (do aguardado La la land: cantando estações). O ator Aaron Taylor-Johnson, por sua vez, concorrerá na festa que celebra o audiovisual norte-americano com colegas de peso como Dev Patel (Quem quer ser um milionário?) e o experiente Jeff Bridges.

Num enervante recurso, que lembra o adotado em As horas (2002), literatura e ficção de cinema se mesclam na trama de Animais noturnos. Assim, Tony, na verdade, seria uma criação do complexado personagem Edward (novamente, Gyllenhaal em cena), incapacitado de amar Susan, na plenitude do passado.

O texano Ford ; que, no filme, conta com nomes fortes como Michael Shannon (melhor coadjuvante de 2016, segundo o círculo dos críticos de Las Vegas) e Isla Fisher ;, disse à imprensa internacional que pretende, com Animais noturnos, reacender o grau de importância das pessoas em cada uma das vidas dos espectadores. Proposta bem diferente da sugerida por um frívolo personagem do longa, que conclama: ;Susan, aproveite a absurdidade de nosso mundo atual: doerá muito menos;, arremata, no maior dos estímulos ao oba-oba das vidas sem maiores sentidos.

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Outras estreias

Invasão zumbi

Quarto filme do diretor Sang-Ho Yeon, nascido em Seul, este terror é ambientado na cidade da Coreia do Sul chamada Busan. É lá que uma epidemia ; com vírus que viaja de trem ; está prestes a ser instalada. A doença ameaça a sobrevivência dos seres humanos, que podem se tornar zumbis. Melhor produção asiática, de acordo com o público do Fantasia Film Festival (Canadá).

John From
Montador, músico e ator, além de cineasta, o português João Nicolau vê o segundo longa-metragem estrear no Brasil. Depois de A espada e a rosa (2010), ele investiu numa trama em que Rita (Júlia Palha) é uma jovem um tanto desocupada que perambula por edifício. Um homem de mais idade lhe conquista o coração, paulatinamente. Exibido na Mostra de São Paulo, o filme venceu, entre outros, prêmio de menção especial, no prestigiado Bafici (sediado em Buenos Aires)

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