Ele tem 20 anos e adora boné. Escuta Céu e Lauryn Hill, mas curte mesmo declamar os versos do Baco Exu do Blues ou a longa letra de Favela vive, empossada nas vozes de ADL, Sant, Raillow e Froid. Não abre mão de uns rolês com a galera, mas também faz questão de passar um tempo com a família. O pai, inclusive, foi o primeiro a apresentá-lo ao mundo da fotografia. E Bernardo Moreira gostou do que viu.
Atualmente, o moleque fotógrafo acumula mais de 80 mil seguidores no Instagram, outros 11 mil no Face e uma agenda concorrida. Na pauta, as fotos que o tornaram conhecido nacionalmente: imagens de mulheres nuas posando em paisagens de tirar o fôlego ou, por vezes, na intimidade de quatro paredes. Hoje, ele figura entre os nomes da fotografia mais festejados da capital.
Além das escolhas das locações ; majoritariamente nos arredores de Brasília ;, o trabalho de Bernardo também chama a atenção pela ênfase nas cores e pela luz, que já equivale a uma assinatura praticamente. Ainda assim, ele não deixa de buscar conhecimento na área e está sempre aberto a novas provocações.
No loft com ares de estúdio que ele mantém no Sudoeste, o jovem artista recebeu o Correio para uma conversa sobre fotografia e repercussão. E, embora notoriedade seja uma ferramenta capaz de inflar personalidades, principalmente aos 20 anos, Bernardo surpreende com uma postura acolhedora e simples, capaz de arrancar sorrisos com facilidade.
Três perguntas // Bernardo Moreira
Como reage à controvérsia do uso dos editores de imagens?
Você é dono da sua criação. A utilização ou não cabe a você. Não deveria depender do que pensam os outros. Eu faço um uso moderado, e não tenho maiores problemas com isso. A edição, quando utilizada corretamente, pode aperfeiçoar consideravelmente o trabalho. Assim como o uso equivocado ou irrestrito pode atrapalhar. Eu, particularmente, não gosto daquele visual surreal, provocado pelo uso excessivo, e tento, ao máximo, manter minhas fotos naturais.
Você trabalha muito com meninas jovens e belas. De alguma maneira, não está reforçando um estereótipo social?
Eu tenho várias clientes que não se inserem nesse padrão. Mas, infelizmente, algumas delas não se sentem à vontade com a exposição nas redes. De fato, as meninas mais tranquilas com a publicação das fotos são aquelas que atendem o padrão. Por isso gera essa impressão de que tenho trabalhado quase que exclusivamente com elas. Mas não é o caso. Comecei a fotografar homens, mulheres acima do peso, mais velhas, negras... Ando cada vez mais preocupado com a diversidade do meu trabalho. Mas, com certeza, é um ponto que ainda espero avançar consideravelmente.
A fotografia pode ser uma ferramenta importante no empoderamento, na autoestima?
Sem dúvida. Mas a fotografia, como você diz, é a ferramenta. O fotógrafo é quem conduz esse processo. Muito mais importante do que o resultado visual final, a experiência de ser fotografado, a sessão em si, precisa ser excelente. Precisa correr bem. É nesse instante que esse trabalho do empoderamento acontece. A pessoa precisa se sentir maravilhosa no ensaio. E essa responsabilidade é minha.
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