Embora estivesse internado há algumas semanas, com a saúde debilitada, a morte de Dimer Camargo Monteiro não era exatamente esperada. Ninguém estava preparado para se despedir de um dos mais queridos e importantes artistas do teatro candango. Mas uma parada cardiorrespiratória encerrou as atividades de uma carreira fundamental para as artes cênicas da cidade. Não à toa, assim que a notícia foi confirmada, as redes sociais foram tomadas por depoimentos e relatos de amigos da classe artística e, acima de tudo, de espectadores. Éramos todos espectadores de Dimer.
// Depoimento
A última vez que vi Dimer foi na Marcha da Maconha, este ano. Lá estava ele empossado com cartaz e tomado por uma vontade louca de fazer e acontecer, como lhe era recorrente. Determinada hora, quando eu estava a caminho de cumprimentá-lo, ele foi parado por policiais que exigiram revistá-lo. O tal do baculejo. Os policiais exageraram na dose e criaram uma situação desnecessária.
E o que ele fez? Apresentou-se. Destilou palavras de ordem, discursou contra a opressão policial, falou em prol da democracia. Convocou quem estava perto para repudir atos de intolerância. Em poucos instantes, estávamos todos olhando para ele. Era ele a atração principal da marcha. Paramos todos para reconhecer a figura que protagonizava aquela catarse por entre jovens, famílias, maconheiras, policiais e caretas. Como se ele estivesse em um palco. E, quer saber? Ele estava sim. Sempre esteve. Nunca deixará de estar.
A benção, Dimer Monteiro! Por todas as lições!
A benção, Chico Sant;Anna, Guilherme Reis, Iara Pietricovsky, Alexandre Ribondi, Hugo Rodas, Bidô Galvão, Tullio Guimarães, Fernando Villar... e todos aqueles que escreveram (e escrevem) os principais capítulos do teatro desta cidade. Dimer segue em cada um de vocês. Nossa gratidão!
(Diego Ponce de Leon)