Até 2008, Kings of Leon era apenas uma banda pós-punk formada por irmãos e primos. O lançamento, naquele ano, do disco Only by the night, no entanto, os tornou um fenômeno mundial. A pegada pop (mais romântica e menos agressiva) fez o grupo emplacar hits como Sex on fire e Use somebody. Se a guinada deu certo, tudo o que veio depois, por parecer sempre o mesmo, deixou parte do público e da crítica com pés atrás. Agora, os americanos lançam o sétimo álbum, Walls, que tenta mostrar que eles ainda são capazes de produzir algo novo.
Se eles realmente se reinventaram ou não, pode até ser bastante discutível, mas o fato é que Walls (uma sigla para ;we are like love songs;) colocou mais uma vez Kings of Leon no topo das paradas. E, na verdade, a banda chegou mais longe do que nunca. Com o sétimo disco, o grupo alcançou o primeiro lugar na Billboard.
O novo álbum vendeu quase 70 mil cópias apenas na primeira semana de lançamento e chegou ao topo da lista. Em 13 anos de carreira, a banda de Nashville nunca tinha chegado ao primeiro lugar. Mesmo o sucesso avassalador de Only by the night, com 2,5 milhões de cópias vendidas e 132 semanas na lista, não tinha sido capaz de alcançar a liderança.
O grupo demorou três anos para apresentar um novo disco de estúdio e apostou no produtor Markus Dravus, que trabalhou com Florence %2b The Machine e Arcade Fire, para mudar o som feito por eles até agora. Até por isso, pouco ou quase nada se sabia sobre o álbum, lançado recentemente, até meses antes da finalização do disco. ;No início, percebemos que, com ele, seria um trabalho muito duro, mas estávamos todos na mesma vontade e a mágica foi praticamente instantânea;, contou o baterista Nathan Followill à BBC.
Ele falou também sobre as peculiaridades de trabalhar com Dravus. ;Às vezes, ele pedia para seguirmos um caminho e dizíamos: ;Já estamos fazendo assim há seis meses;. Então íamos na ideia dele e tínhamos que dizer: ;Droga, ele estava certo, mais uma vez;;, revelou. Além disso, ele contou que o produtor se negava a deixá-los ouvir as canções outra vez depois da gravação final.
Urgência
O mistério sobre o álbum, disseram, era uma maneira de tirar a pressão e conseguir dar vazão à criatividade. O sucesso com trabalhos anteriores mexeu com a banda e houve até vontade de parar, contou o baterista. ;A gente pensava: ;Nós estamos fazendo 200 shows por ano, mas não estamos colhendo os benefícios;. Havia uma urgência para conseguir outro recorde e acho que foi tudo um pouco rápido demais;, disse.
Para o baterista, a banda tinha, de fato, entrado em uma zona de conforto e quis ser reinventar. ;Nós tínhamos uma zona de conforto, sim. Poderíamos ter continuado a fazer discos da mesma forma, e tenho certeza que nossos fãs obstinados teriam continuado a comprá-los;, afirmou.
No novo disco, a vontade do grupo foi de fazer tudo de uma outra maneira e, de alguma forma, deixar os trabalhos anteriores para trás. ;Neste álbum, nós só queríamos jogar tudo fora pela janela;, brincou Nathan.
Para o vocalista, Caleb Followil, o disco traz uma sonoridade grandiosa e isso deve mais às canções do que aos recursos usados na gravação. ;Tudo parece maior porque usamos menos pedais e efeitos do que nunca;, disse em entrevista ao USA Today. ;Se parece grande, é por causa da música.;
Walls
Kings of Leon. Sony Music. 10 faixas. Disponível nas plataformas digitais. Ouça aqui:
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