Uma competição entre mulheres poetas está animando saraus da periferia do Distrito Federal. Trata-se do Slam das minas. Na batalha, duas mulheres se enfrentam em três rodadas recitando poesias autorais em um tempo de três minutos, em que são avaliadas por um júri popular composto pelo público do evento. Além da poesia falada, os presentes analisam a performance e o desempenho das meninas nas apresentações.
O Slam das minas é o primeiro voltado exclusivamente para o gênero feminino, mas nas periferias de Brasília a manifestação tem ganhado cada vez mais força como um movimento artístico e social de resistência e expressão da cultura urbana.
A primeira edição do Slam das minas aconteceu em maio de 2015 e, desde então, o evento já passou por diversos locais do Distrito Federal, tendo sido realizada até uma edição dentro da penitenciária feminina. Além das minas, outros slams como Slam DF e o Slam ;; A coisa tá preta, feito por poetas negros, têm ganhado público e participantes por onde se apresentam.
A última batalha aconteceu no sábado (8/10) e agora as organizadoras preparam a grande final do ano, em novembro, mas sem data e local marcados ainda.
Destaque brasiliense
Criada na década de 1980, a competição de poesia performática que surgiu nos guetos dos Estados Unidos vem conquistando os guetos brasilienses e revelando grandes poetas do DF. É o caso da poeta Meimei Bastos.
Nascida em Ceilândia e criada em Samambaia, Meimei foi a grande campeã do Slam das Minas no Distrito Federal no último ano e representante local na competição nacional Slam BR, que ocorreu na cidade de São Paulo, em dezembro do ano passado. No Slam BR, Meimei batalhou com poetas de vários estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Agora, aos 25 anos, Meimei se prepara para lançar o primeiro livro de poesias: Um verso e Mei. A jovem conta que o incentivo veio de uma professora de literatura da Universidade de Brasília (UnB) depois que ela participou da 3; Jornada Literária de Autoria Negra: ;Eu fui como convidada, recitei poesias na abertura, mas lá eu entendi melhor como funciona esse mercado editorial e como eu poderia publicar minhas poesias;, conta Meimei.
A primeira edição tem uma tiragem de 1,5 mil exemplares e está sendo financiada com a ajuda de amigos e parentes. O pré-lançamento acontece hoje, no Espaço Cultural Ubuntu (Qd. 101, área especial 1, lt. 18, lj. 4, Recanto das Emas). Um verso e Mei comemora também a passagem de um quarto de século de vida da jovem artista: ;Eu venho de um lugar onde nossa cultura é marginalizada e as pessoas ficam muito alegres quando escutam minha poesia e percebem que eu estou falando daquele lugar. Então é uma responsabilidade grande a intenção da minha escrita. Eu gostaria que as pessoas se reconhecessem nela, que fosse algo que fizesse sentido para elas;, afirma a poetisa.