Rebeca Oliveira
postado em 05/10/2016 09:30
Na mente de Lucio Costa, urbanista que projetou a capital, o Setor de Diversões Sul, no coração de Brasília, seria ordeiramente ocupado por produtores culturais e artistas. O planejamento, bem se sabe, não foi concluído por completo. A criminalidade e a falta de incentivo fizeram do local um ponto de uso de drogas e prostituição. Há alguns meses, a iniciativa de retomada do Conic, artéria aorta desse espaço, fez com que o centro da cidade voltasse a pulsar arte. A retomada foi capitaneada pelo Movimento Dulcina Vive, que trouxe uma série de eventos para a faculdade de arte e teatro Dulcina de Moraes. Hoje, o projeto Quarta dimensão dá continuidade à iniciativa com o lançamento da cerveja Conic, com shows da banda Trampa, Komodo e Vintage Vantage.
[SAIBAMAIS]Organizado pela produtora Jenny Choe, o evento foi criado para dar vazão à música autoral e independente da cidade. A ideia surgiu em janeiro, quando, junto a outros colegas de profissão, ela diagnosticou a dificuldade para se firmar na capital, sobretudo pela falta de espaço para os artistas se apresentarem. ;Notamos que havia várias dificuldades. Uma delas era ter um espaço informal aonde as bandas pudessem levar seus trabalhos novos, um espaço que eles tomassem para si. Faltava esse lugar onde as bandas pudessem criar a própria programação ou criar seus trabalhos, experimentar;, comenta Jenny.
Ao ser lançado, o Quarta dimensão preencheu a lacuna física para os grupos e também trouxe impacto social. Abandonado, o Setor de Diversões Sul passou a ser ocupado e revalorizado ; o que aumentou, inclusive, a segurança no local. Esse levante acabou se dissipando para outras iniciativas, como o Setor Bancário Sul, que ;morria; depois das 18h e agora também recebe festas e eventos. ;Houve uma renovação em todo o centro da cidade, que estava bem depreciado até março deste ano, quando começamos as ações para mudar esse quadro;, comemora Choe.
Pague quanto quiser
As apresentações de hoje também provocam um questionamento sobre o valor ; desta vez, monetário ; destinado a shows de bandas autorais. A ideia é instigar o público com a pergunta: ;Quanto vale o show?;. O pagamento mínimo é de R$ 6, mas a organização, surpreendentemente, já recebeu mais que isso. ;Já aconteceu da pessoa pagar o valor mínimo de R$ 5 a R$ 6, e depois do show, doar R$ 80. Dessa forma, o público pode participar ativamente da evolução das bandas que curte;, comenta Jenny Choe. ;Depois que o projeto começou, várias bandas lançaram novos trabalhos que estão levando Brasília para outros lugares;, orgulha-se.
A breja
Produzida pela microcervejaria Corina, o rótulo Conic traduz a personalidade do centro de cultural e lazer. É amarga, cítrica e alcoólica (com teor de 9,1%). Do tipo double IPA (ou Dôbou Índia Pêiu Êiu, como preferem chamar) é mais que uma breja. Trata-se de uma homenagem engarrafada que vai ao encontro da ideologia dos sócios da cervejaria de ocupar espaços públicos da cidade, requalificando-os. Foi o que fizeram com o Setor de Oficinas Norte, onde fica a sede da Corina Cervejas Artesanais, outrora abandonado no período noturno e aos finais de semana. ;Se alguém perguntar para a gente o que é Conic, eu vou dizer que é uma cerveja;, brinca Jenny.
Quarta dimensão
Hoje, às 20h, no Subsolo do Teatro Dulcina (SDS, Bl. C, Conic). Lançamento da cerveja Conic, da Corina Cervejas Artesanais. Shows com as bandas Trampa, Komodo e Vintage Vantage.
Para ler a matéria completa, clique aqui. Para assinar, clique aqui.