Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Emanuel Dias, produtor que trabalhou com Wesley Safadão, fala sobre mercado

O cearense está em Brasília para atuar com artista da cidade, o sertanejo Wagner Simão



Se o sul-mato-grossense Dudu Borges é o produtor musical por trás dos principais sertanejos, o cearense Emanuel Dias é o cara em torno dos astros do forró e, consequentemente, dos artistas da música sertaneja que unem as duas vertentes. O produtor já trabalhou com Wesley Safadão (Emanuel esteve na equipe que gravou o DVD do artista em Brasília no ano passado), Aviões do Forró, Frank Aguiar e Simone & Simaria, além de atualmente investir em artistas da nova geração do sertanejo, como a dupla paulista May & Karen e o cantor brasiliense Wagner Simão, com quem gravou a canção
Três dias, que marca a mudança na trajetória de Simão.

Por conta do trabalho com Wagner Simão, Emanuel Dias tem passado um período em Brasília. O objetivo é guiar o brasiliense para um caminho parecido com o trilhado por Wesley Safadão, com quem o produtor deve trabalhar novamente em breve quando o cantor gravar um novo DVD em Miami, nos Estados Unidos. Ao Correio, Emanuel Dias conversou sobre a carreira de produtor musical e os planos em relação a carreira de Simão
.

Início da carreira
É algo de bastante tempo. Na verdade, eu tocava em bandas. Toquei em muito grupo de baile no Ceará. Sou de Russas, cidade do interior do Ceará. Lá, aos 17 anos, comecei a fazer arranjos nos tecladinhos para Rita de Cássia, compositora do hit Meu vaqueiro, meu peão, sucesso da banda Mastruz com Leite. Eu ia fazendo, mas não tinha muita noção do que era produção de fato. Fui vendo que eu tinha jeito para isso, que eu sabia criar. As minhas primeiras produções foram dela (Rita de Cássia). Em 1994, ela me levou para Fortaleza e comecei a tocar em outras bandas. Um dia, eu estava no estúdio e o produtor faltou, me chamaram para produzir. Comecei até que um dia estava produzindo nomes como Aviões do Forró, Márcia Fellipe (Ex-Companhia do Forró e Garota Safada). A partir daí, passei a entender que isso daria certo para mim. Hoje, além da produção musical, também faço o trabalho de produção artística.

[VIDEO1]

[SAIBAMAIS]Wesley Safadão
Conheço o Wesley desde menino. Trabalhei com ele pela primeira vez há nove anos. Na época, eu trabalhava com o grupo Aviões do Forró. Sempre que ele ia lançar algo, me chamava e eu produzia com ele. Ele me procurou dizendo que precisava se reciclar, quando me chamou para gravar a música (a faixa Camarote) eu já cheguei colocando um piano e não existia esse instrumento dentro do forró. O pessoal do Nordeste estranhou. Mas eu pensei que dava para fazer essa inovação no forró, com piano, guitarras elétricas... E acho que esse foi o diferencial do forró, que bombava no Nordeste, mas tinha esse desafio de ir para os outros estados. A gente não mexeu no som, nem nas letras, mas nas levadas e nos arranjos. Acho que isso foi o que abriu as portas.

Mudanças no forró
Acredito que foi a mudança nos arranjos. Mas também o interesse de criar uma boa produção em torno de shows. Pensar mais como pensava o sertanejo e o rock. O forró tinha que fazer do mesmo jeito. Antes, os profissionais e os empresários não ligavam para isso, porque não importava o show que o pessoal dançaria o forró. Mas foi preciso enriquecer as produções.

Forró e sertanejo
Antes, o forró não se profissionalizava e por isso não chegava em lugares como Brasília e em São Paulo. As coisas mudaram com o Aviões do Forró e com o Wesley Safadão. O grupo Aviões gravou um DVD em Salvador há alguns anos e quebrou muitas barreiras. O grupo foi ainda mais aceito depois disso. Acho que o forró não pode ter medo de arriscar.

DVD e clipes
Hoje o DVD é tudo. Com a pirataria, não se vende mais CD. Acabou essa coisa de CD. O DVD é o produto que fala quem o artista realmente é, como ele se expressa, como canta de verdade... O DVD vem rompendo barreiras e serve para projetar o artista. O clipe também é outro fator importante. Mas é preciso saber variar nos vídeos. Tenho visto muitos clipes iguais, com as mesmas colorações, sempre com muita mulher de biquíni na beira de uma piscina. Tudo isso está saturado. É preciso uma linguagem diferente, porque o YouTube está muito forte e é uma plataforma que pode projetar artistas.

Wagner Simão
Na verdade, o empresário dele conhece um amigo meu da Bahia e comentou que precisava de um produtor novo para fazer uma mudança na carreira do Wagner. Eu escutei a voz dele, a música nova Três dias, assisti aos clipes e consegui ver o que ele precisava para essa mudança. Percebi que ele tinha um potencial a ser trabalho. O que eu fiz foi dar uma aquecida na batida. Gosto de fazer nas minhas produções músicas para cima, que tenham uma pressão. O Wagner cantava de uma forma sertaneja mais lenta e eu pedi uma pressão maior na voz. A partir daí convidei algumas pessoas experientes do mercado para dar aquela aquecida do Nordeste no trabalho. Já estamos analisando uma próxima música e temos um projeto da gravação de um DVD para 2017.

[VIDEO2]

Para ler a matéria completa, clique aqui. Para assinar, clique aqui.