<p class="texto"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2016/10/04/551683/20161003185243372126u.JPG" alt="Além de cuidar da carreira do rapper, Evandro Fióti está lançando o disco 'Gente bonita'" /> </p><p class="texto"> </p><p class="texto">Nascido na periferia da Zona Norte de São Paulo, Evandro ;Fióti;, poderia ser mais uma ;vítima do sistema;. Negro, pobre, à margem. Mas o músico tem raiz que, em vez de o prender, o fez crescer. E ela tem nome. Jacira Roque de Oliveira. Mãe de quatro filhos, entre eles o rapper Emicida, a paulista passou por experiências de dar um nó na garganta, retratadas em composições de Emicida e de Fióti, que perpassam por situações que vão de violência física na escola ao preconceito no trabalho como empregada doméstica. Em um ambiente que poderia ser simplesmente de dor, Jacira plantou flores. Educação foi palavra-chave e deu entendimento para a família.<br /><br />Fióti, diante da imensidão dessa mulher, mirou o futuro. ;Eu tinha 2 anos quando meu pai morreu. Minha mãe criou quatro filhos praticamente sozinha. Ela sempre priorizou o acesso à cultura e a educação. Foi através dela que conheci Darcy Ribeiro e Machado de Assis, nomes que ela sempre admirou. Meus avós chamavam-na de vagabunda por ler esse tipo de coisa. Quando você cresce e entende o quão complexo é uma mulher negra e da periferia criar quatro filhos e ainda guardar valores culturais, vê é que é um exemplo surreal;, afirma.<br /><br />Em 2009, ele fundou o Laboratório Fantasma com o irmão mais velho, Emicida, de quem até hoje é produtor e empresário. No selo e marca, os manos gerenciam as próprias carreiras e de outros artistas, como Rael e Kamau. Essa semana, a dupla informou que do Laboratório nasceu uma nova marca, Lab, que desfilará na próxima edição do São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do país. O estilista João Pimenta é o diretor-criativo, com estreia na passarela este mês.<br /><br />Gente bonita, EP lançado em maio, é produção da gravadora. Disco tropical, faz parte da nova música popular brasileira. ;Não gosto do termo MPB, mas é onde encaixam minhas músicas. Tudo que é produzido nacionalmente é música popular brasileira ; até um rap. Entendi-me como ser humano por intermédio da cultura do hip-hop, mas não nasci com dom para ser MC, por isso escolhi a MPB;, comentou.<br /><br /><strong>O EP Gente bonita começa com uma homenagem a Darcy Ribeiro, antropólogo pelo qual o brasiliense tem forte vínculo devido ao trabalho na UnB. O que ele pensaria da reforma educacional, em debate atualmente? </strong><br />É um plano do Estado e parece que a cada passo que tentamos dar para a frente, eles querem que a gente dê 10, 15 para trás. É o projeto de ignorância que eles querem para o Brasil. A partir do momento que a população consegue distinguir o que é bom do que é ruim, por meio da educação, eles tentam mudar todo o jogo. Ainda vivem em um país colonial, nesse tipo de iniciativa e de retrocesso, vemos o quanto existem pessoas dispostas a prejudicar essas áreas para que a população não se desenvolva. Não existe uma justificativa plausível para isso que não seja a vontade de que os ricos tenham mais capital e o dinheiro fique na mão de poucos, reforçando a ignorância. O Darcy Ribeiro deixou um legado muito importante para o Brasil e, nesse momento, precisamos voltar a ler os livros dele.<br /><br /><strong>O Laboratório Fantasma começou vendendo camisetas e, sete anos depois de criado, é um case de sucesso na música brasileira. Como foi esse processo, o objetivo era chegar a um patamar tão complexo ou foi um movimento orgânico? </strong><br />O Emicida é bem decidido e já tinha tudo na cabeça. Eu, para ser bem sincero, não tinha. Meu anseio maior era que as coisas dessem certo para ele. Acima de tudo! Trabalhei muito para que isso acontecesse. As coisas foram caminhando sobretudo pela verdade que a nossa música carrega, as pessoas sentem muita sinceridade. Nossa camisa não é só uma camisa de banda, sempre prezamos pela qualidade e as pessoas gostam de usar porque sabem que aquilo as motiva, é como se elas carregassem o poder do nosso trabalho ao vestir. Isso foi tomando uma força muito grande e o e-commerce começou a andar bem. Foi através dele que pudemos retomar espaço na música. O show era bem barato, então, era difícil vender esses produtos e, na web, com as vendas, as pessoas financiaram esse nosso projeto de vida. Tivemos que nos agarrar a isso para não ficar presos a nada. Muita gente até envolveu o Emicida nesse debate da Lei Rouanet, mas a gente nunca escreveu uma linha para ela. É importante o artista ver isso como um adicional, não como mantenedor. Somos autossuficientes por depender do nosso talento, do nosso trabalho e com uma boa estratégia, tem dado certo.<br /><br /><strong>Por que a música popular brasileira não é mais popular?</strong><br />A música desse tipo de gênero, classificada como MPB, teve um boom nos anos 1980 e 1990, e depois sumiu. Os espaços foram diminuindo em virtude da indústria fonográfica. Surgiram outras prioridades e os movimentos de música de periferia ; o axé de salvador, o funk carioca e depois o de São Paulo, por exemplo ; ficaram mais populares. Isso é cíclico. Hoje, a música sertaneja está em evidência. Isso retira o espaço de outros tipos de música, o que é um pecado porque, se for analisar em qualquer lugar do mundo, nossa música é considerada um patrimônio cultural muito grande por sua heterogeneidade. O samba é muito mais reconhecido lá fora do que aqui. Os grandes nomes não são valorizados como deveriam.</p><p class="texto"> </p><p class="texto">Para ler a matéria completa, clique <a href="http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/diversao-e-arte/2016/09/26/interna_diversaoearte,219208/da-capital-para-o-brasil.shtml">aqui</a>. Para assinar, clique <a href="https://assine.correiobraziliense.net.br/">aqui</a>. </p>