Projeto do diretor Henrique Oda com roteiro de Ainda Cruz e fotografia de Acauã Fonseca, a série foi concebida há quatro anos numa conversa de bar. Em dois depoimentos publicados semanalmente, personalidades contemporâneas, como o jornalista Xico Sá, a filósofa Marcia Tiburi, os músicos Tom Zé e Otto, além da monja Cohen, dissertam sobre as agruras e delícias do amor em tempos de Tinder, ou o amor romântico na pós-modernidade. A abordagem é diversa: vai do ;chega lá fuc, fuc, fuc, gozou e vai embora;, lamentado por Tom Zé, a uma análise das conexões neurais pela monja Cohen. O critério de escolha atendeu a percepção dos realizadores de que precisariam captar sensações e sentimentos. ;É necessário que nos dias de hoje espalhemos mais possibilidades e menos atrofiações da alma e do comportamento;, explica Henrique Oda. ;Queremos mais histórias reais;, acrescenta o diretor.
Até agora 26 influenciadores foram gravados, mas a ideia é desdobrar o assunto, condicionando-o a opiniões e a interatividade das redes sociais, marcadas pela polarização e discursos de ódio. Há quem lamente, aliás, que elas ;dessocializaram; o afeto, virando um marco negativo na maneira como amamos. Oda concorda, em parte. ;Acho que damos muita importância aos meios (redes sociais) e nos esquecemos das nossas estruturas, dos nossos anseios e das nossas angústias enquanto seres humanos. A internet, as redes sociais, os apps são apenas meios. Amo ver que pessoas tímidas estejam se relacionando e acho incrível essa onda de pessoas que se encontram por meio das redes e dos apps, mas não podemos esquecer que nos tornamos quem somos quando nos relacionamos de forma real. A tela é só uma tela. Colocar o dedo para esquerda e para direita pensando ;gosto;, ;não gosto; e ficar nessa ;pilha; da quantidade de matches nos apps é só um vício a mais. Nada substitui a relação real e a experimentação. É disso que somos feitos;, conta.
Quatro perguntas/ Henrique Oda
Você é otimista ou pessimista em relação ao tratamento que o amor tem recebido nos dias de hoje?
Nem um nem outro. É um sentimento. Ou você sente ou não. O que me incomoda é ver esse discurso do ódio tão presente. O discurso do não amor. Pessoas fugindo de relações por traumas, orgulhos bestas, falta de vivência ou de informação. A vida é sociável. Só acredito nela assim. E quando não nos permitimos nos relacionar por discursos de ódio ou por traumas de outras relações o jogo maior da vida não se dá.
As teorias do amor líquido, de Bauman, o inspiram de alguma maneira?
Sem dúvida. Talvez tenha sido a nossa maior base no princípio do projeto. Mas acho que a questão maior é como lidar e como se relacionar com esse amor líquido. Não basta chegar a essa conclusão de tempos ou amores líquidos e estacionar ou ficar escorrendo nessa torneira. Precisamos nos apropriar das nossas vidas, emoções e relações.
É dele a ideia de que o amor é ligado a transcendência. E muitos apontam a paixão como algo ligado a uma dimensão menos relevante. Você concorda?
Sobre a paixão, vou parafrasear um entrevistado do projeto, Gustavo Gitti: ;Phatos, paixão é a mesma raiz de doença. É uma patologia, ou seja você sofre daquilo, você é passivo em relação àquilo, você é sujeito. Se apaixonar é muito parecido com qualquer outra coisa que mova nossa energia e a gente não se coloca como autônomo, como construtor daquilo;. A maior virtude do amor é essa. Você constrói! Você sente; Você liberta todos os envolvidos e procura acordos dentro disso;.
Em tempos de empoderamento, como seria o amor ideal, sem cair nas armadilhas do amor romântico?
Creio no amor como algo não regulamentado, algo que não precise do feedback como eu quero, do jeito que eu quero, na hora que eu quero. O amor é um ser em mutação constante. Quanto às suas armadilhas, é complexo. As pessoas querem garantias em tudo. Querem formatos que funcionem e se esquecem da melhor coisa da vida que é a experimentação. E acho importante falar do sofrimento também. Ninguém quer, mas faz parte da vida. Faz parte da nossa formação. Arrisquemos!
Qualquer maneira de amor vale a pena?
Confira exemplos, recentes ou marcantes, de quando o amor real invadiu a cultura
DR em público
Estreou no Fox Life o reality show Escola para maridos. Com 13 episódios, o programa apresentado por Diana Bouth, Luigi Baricelli (foto), Ana Canosa e Felipe Solari tem roupa suja lavada em público, DR;s, conciliação e reações de maridos que passam por uma espécie de purgatório afim de evoluírem.
Desculpe o transtorno
Em coluna publicada no jornal Folha de S. Paulo, o escritor e ator Gregório Duvivier expôs a intimidade com a ex-mulher, Clarice Falcão, também atriz e cantora. No texto ;Desculpe o transtorno, preciso falar sobre a Clarice;, conta sobre como se conheceram e peculiaridades do relacionamento.
Depois do fim
Na mostra biográfica Cuide de você, a artista francesa Sophie Calle (foto) mostrou ao mundo como um fim desastroso pode ter um curioso desdobramento. Depois de levar um fora por e-mail do namorado, o escritor Miguel Grégoire Bouillier, a artista plástica convidou 107 mulheres a interpretarem a mensagem recebida.