Daniela Mercury é plural. Cantora, compositora, dançarina, atriz e produtora, ela trafega com familiaridade pelos diferentes campos da arte. Aclamada no Brasil e no exterior, com uma legião de fãs por todo o mundo, usa a visibilidade conquistada para se posicionar, como cidadã, de forma vanguardista em relação a temas diversos, entre os quais o da igualdade de gêneros.
Mãe de dois filhos, adotou mais três filhas depois do casamento com a jornalista Malu Verçosa em dezembro de 2013. Embaixadora do Unicef há mais de 20 anos, recentemente declinou o convite para ocupar o cargo de ministro da Cultura. Por sua atuação, conquistou a admiração da escritora norte-americana Camile Paglia, que a vê como uma importante intelectual.
Daniela tem vindo a Brasília desde o começo da década de 1980. Inicialmente, participou de um festival de balé; e a partir dali, tem marcado presença em projetos e eventos diversos. No retorno à cidade, de hoje a domingo, ela ocupa o palco do Teatro da Caixa com o show da turnê A voz e o violão, acompanhada pelo músico Alexandre Vargas.
Moderna é pouco!
O A voz e o violão pode ser visto como um show comemorativo dos seus 25 anos de carreira?
Esse show, que virou DVD e CD, tem um roteiro biográfico e poderia ser um show de comemoração de carreira. A minha vida artística se confunde com a história da axé music, mas o meu desejo foi comparar o axé com a MPB e mostrar a beleza das letras, das melodias e das novas sínteses rítmicas que minha geração criou. Comecei a cantar em barzinhos em 1980! Gravei meu primeiro álbum em 1989. Estou no palco desde 8 anos de idade, como bailarina e atriz de peças teatrais. Minha vida se confunde com a arte.
No palco, você sempre exercitou o ofício de dançarina. Neste show, existem coreografias?
Preferi dançar mais livremente. Não criei coreografias pré-determinadas. Crio na hora, no palco, tenho apenas algumas marcações de cena.
Sempre disposta a se situar em relação a temas do seu tempo, nesse recital há espaço para os sempre aguardados comentários sobre questões do momento?
Sim, no show falo sobre temas importantes como igualdade de gênero, autoritarismo, mas faço de maneira divertida, contando histórias da minha vida com Malu e as crianças, com pequenas falas de empoderamento que são as mensagens que minha música já tem. No CD Vinil virtual criei até a personagem Rainha Má para pararmos de falar mal de nós mesmos e para empoderar as mulheres, os negros, as religiões afro-brasileiras e os indígenas. Ainda somos um povo fragilizado pela nossa colonização, pelas ditaduras e pela escravidão, que continua a massacrar a imagem dos negros, ainda olhamos os negros como pessoas violentas, isso é uma loucura. A arte e a cultura são um maravilhoso espelho de nós mesmos. A arte dialoga diretamente com o coração e é uma ótima maneira de gerar reflexão e mudanças de comportamentos. Meu axé traz essa luta humana e política.
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