<p class="texto"> </p><p class="texto"> <img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2016/09/14/548541/20160913175829707448a.jpg" alt="Al Capone é um dos mafiosos retratados por Douglas Xamã" /></p><p class="texto"> </p><p class="texto">Quatro exposições ocupam os espaços da cidade a partir de hoje. Três trazem artistas de fora e uma apresenta uma série de retratos de fotógrafo da cidade. Todas podem ser visitadas gratuitamente e oferecem ao público a oportunidade de conhecer um pouco da produção contemporânea brasileira, mas também de descobrir momentos da história da arte nacional. Veja o que cada mostra tem a oferecer.<br /><br /><strong>Encanto pela conduta</strong></p><p class="texto"><br />Foi um certo fascínio pelos códigos de honra o responsável por levar Douglas Xamã aos gângsters. O tatuador, DJ e artista paulista sempre ficou impressionado pela maneira como chefes de máfias e organizações criminosas estabeleciam (e seguiam) condutas relacionadas à honra e lealdade como forma de controle dos negócios. A admiração levou o artista a pintar retratos de mafiosos. Fez o primeiro em 2013, a pedidos, para uma exposição. No ano seguinte, fez mais alguns e este ano, a coleção chegou às 11 pinturas apresentadas na exposição <em>Santos da rua</em>, na Galeria Ponto.<br /><br />Xamã não retrata apenas bandidos fictícios. Se filmes e livros forneceram um combustível poderoso para a pesquisa, a vida real tratou de completar o serviço. De filmes como<em> O poderoso chefão</em> e <em>Senhores do crime</em>, ele trouxe Virgil Sollozzo e Nicolai Luzhin. Do mundo real, pesquisou figuras como John Gotti, chefão da Cosa Nostra condenado à prisão perpétua nos anos 1990, e o bicheiro brasileiro Castor de Andrade, financiador do Bangu Atlético Clube e padrinho da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Andrade foi preso em 1994 e morreu três anos depois.<br /><br />O artista admira as figuras retratadas, mas garante que não faz apologia ao crime. ;O que me chamou mais a atenção foram condutas como disciplina, caráter e integridade, coisa que falta um pouco hoje;, acredita. ;São condutas, não quer dizer que eles são bons, ou maus. Eles têm honra, palavra com aquilo que pregam, por isso a dualidade. As pessoas podem falar `ah, mas o cara era um gângster criminoso`. Sim, mas ele tinha um pacto com a família dele, com os filhos, a esposa. Tem muito cara que não é assassino, nunca matou ninguém, mas encosta no balcão do bar, bebe uma pinga, chega em casa, chuta o cachorro e bate na mulher. Eu queria pensar exatamente sobre essa parada.;<br /><strong><br />Santos da rua</strong><br />Exposição de Douglas Xamã. Visitação de segunda a sexta, das 9h às 19h, e sábado, das 14h às 18h, na Galeria Ponto (SCRN 710/711 Bl/D, Lj 23)<br /><br /><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2016/09/14/548541/20160913180054765063o.jpg" alt="Obra de Raul Córdula faz crítica social" /></p><p class="texto"><br /><strong>Arte que contesta</strong></p><p class="texto"><br />A arte de Raul Córdula sempre foi de contestação. Paraibano radicado em Olinda, o artista foi um dos nomes da arte pop brasileira e passou os últimos anos envolvido com a geometria, mas nunca abandonou, de fato, a figuração. Nela, encontra a retórica para se posicionar, criticar, questionar, homenagear e celebrar. Um pouco de tudo isso faz parte das 32 obras de <em>Raul Córdula ; Antologia</em>, em cartaz no Museu Nacional da República, exposição com curadoria de Wagner Barja.<br /><br />Na mostra, entraram algumas obras simbólicas de Córdula, cuja linguagem tem a marca do hibridismo capaz de associar elementos tão diversos quanto geometria e grafite. Em <em>Bandeira do ego (Made in PB)</em>, Córdula mistura símbolos da bandeira da Paraíba com imagens de lâminas de chumbo e perfurações de bala para fazer uma crítica atemporal, e em<em> Mesopotâmia</em>, ele desenha uma homenagem ao Recife. As obras da década de 1980 aparecem ao lado de trabalhos mais recentes, como <em>Brigada da Hora</em>, no qual homenageia Abelardo da Hora e faz parceria com os grafiteiros da Casa do cachorro preto. ;Eu gosto muito dos grafiteiros da minha terra;, avisa.<br /><br />Para o artista, o conjunto de obras traz uma carga de contestação política que encontra eco na atualidade. Obras como a imagem do revólver engatilhado em meio a um esboço de bandeira do Brasil têm um sentido especial. ;Na obra, há uma sugestão de símbolos nacionais que, na verdade, não são. É uma sugestão da repressão que a gente está prestes a viver de novo. Vivi a ditadura exatamente em 1968 e a censura a partir do AI-5. Acho muito parecido com o que acontece agora;, diz o artista.<br /><br /><strong>Raul Córdula ; Antologia</strong><br />Exposição de Raul Córdula. De 15 a 16 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul, lote 2)</p><p class="texto"> </p><p class="texto"> <img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2016/09/14/548541/20160913180229164073o.jpg" alt="Obra digital de Miguel Chevalier reproduz jardim de flores" /></p><p class="texto"> </p><p class="texto"><strong>Interação e tecnologia</strong><br /><br />A coleção de Arte e Tecnologia do Itaú Cultural, uma das mais importantes do país, desembarca no Museu Nacional da República com um conjunto de obras nas quais a interação com o público é o destaque. <em>Arte cibernética</em> traz 10 obras das 17 que formam a coleção e faz um pequeno panorama da produção brasileira na área desde 1997, quando o Itaú Cultural começou a montar o acervo.<br /><br />Marcos Cuzziol, um dos curadores da mostra, explica que a expressão arte e tecnologia não está entre as melhores para definir as obras. Qualquer produção artística só seria possível a partir de algum tipo de tecnologia, como tinta, no caso das mais antigas. Por isso a equipe do Itaú prefere falar em cibernética, termo também usado para definir a interação entre dois ou mais meios. Aqui, entram, inclusive, as interações entre seres humanos. ;Chegamos à conclusão, com ajuda de um cientista que estuda cibernética, que a interação era o que existia um pouco além do que seria possível sem a tecnologia atual;, explica o curador.<br /><br />Entre as peças selecionadas estão algumas especialmente representativas do recorte proposto pela curadoria. Em Descendo a escada, ao mesmo tempo em que faz uma citação da pintura mais importante de Marcel Duchamp, Regina Silveira propõe perspectiva distante das tradicionais técnicas renascentistas para proporcionar ao visitante a sensação do movimento. Miguel Chevalier, francês pioneiro em arte digital e especialista em realidade virtual, criou a instalação Ultra-nature, uma sala na qual a simples presença do público provoca polinização e consequente mistura genética de uma série de plantas.<br /><br /><br /><strong>Arte cibernética ;<br />Coleção Itaú Cultural</strong><br />Visitação até 4 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul, lote 2)<br /><br /><strong>Retratos nada<br />convencionais</strong><br />Depois de uma temporada em Paris em 2014, o fotógrafo Diego Bresani voltou ao Brasil com novas ideias. Refletiu e questionou o papel da fotografia antes de começar a mudar o próprio estilo. Os retratos, uma linguagem constante na trajetória de Bresani, passaram a ganhar novos contornos. Esse caminho fica claro na sequência <em>Respiro ; Retratos 1</em>.<br /><br />São 10 anos de produção de retratos de artistas e pessoas ligadas ao teatro de Brasília, com curadoria de Matias Monteiro. ;Tenho experimentado fazer retratos sem necessariamente ter o rosto, trabalhando formas, a imagem se tornou mais pictórica, tem uma influência forte do expressionismo e do minimalismo;, avisa Bresani. <em>Respiro </em>tem imagens produzidas entre 1996 e 2016, sendo as mais recentes muito focadas na anatomia e no trabalho com a cor.<br /><br /><strong><br />Respiro ; Retratos 1</strong><br />Mostra fotográfica<br />Abertura amanhã, às 19h, na Galeria Athos Bulcão ( SCTN, Via N2, 1330, Anexo do Teatro Nacional Cláudio Santoro). Visitação até 16 de outubro, de segunda a sábado, das 12h às 19h, e domingo, das 12h às 17h<br /><br /><br /><strong>Entrevista: Raul Córdula</strong><br /><strong><br />Seus trabalho são uma metáfora da cidade hoje?</strong><br />Acho que sim. Mas a metáfora na minha poética. Do ponto de vista do realismo, não existe.<br /><br /><strong>Que importância tem essa mescla da história recente na tua obra?</strong><br />Tem muita importância. Eu sempre me reporto ao passado, um passado político, ou pelo menos, se não político, militante. Menos na parte geométrica, que é o final da exposição. É tudo uma triangulação, e triângulo certamente não massageia muito a retina, mas é um tema que eu sempre trabalhei com ele há muito tempo, desde os anos pesados.<br /><br /><strong>Qual a importância do engajamento na arte? Ele tem força?</strong><br />Na minha posição, eu não posso aquilatar. Mas há pessoas que ainda fazem arte engajada -- e digo ainda porque há uma certa crítica, nos chamam muito de ilustradores. Nossa ligação é com metáforas da realidade, porque a realidade pertence muito mais ao publicitário do que ao artista. Sempre que há oportunidades a gente trabalha nesse sentido.<br /><br /><strong>Que arte é importante para você fazer hoje?</strong><br />Na minha idade, vez ou outra pesco uma coisa que me interessa no que ja fiz e transformo e continuo experimentando, inventando situações onde a geometria sempre está presente, mas também desenho com minha gestualidade que é uma coisa característica de cada artista. Mas faço as coisas que sempre fiz depois que completei algumas décadas de criatividade.<br /><br /><strong>No texto do curador, um dos objetivos do seu trabalho é atingir ideologias autoritárias. Quais seriam elas hoje?</strong><br />Hoje, não tenho dúvida, é o neoliberalismo. Talvez eu seja um artista que pensa mais do que realiza obras: faço isso pensando, comparando, conversando, discutindo. Não há dúvida que existe um certo hermetismo, porque se eu fosse um artista descritivo seria bem diferente. </p><p class="texto"> </p><p class="texto">A matéria completa está disponível <a href="http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/diversao-e-arte/2016/09/13/interna_diversaoearte,218041/o-coracao-de-santos-dumont.shtml">aqui</a> para assinantes. 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