Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Adélia Prado será homenageada na III Bienal Brasília do Livro

Escritora encara celebração como um tributo à obra, e não à pessoa

Para alguns pesquisadores da poesia nacional, Adélia Prado teria sido a primeira poeta brasileira a se aproximar dos versos com uma postura feminina que também reflete sobre o universo religioso. A dicção feminina da autora encantou gente do calibre de Carlos Drummond de Andrade, que a chamou de ;bíblica;, e trouxe para a produção brasileira uma poesia delicada, existencial e cheia de fé, mas que, às vezes pode ser dura e reflexiva. Afinal, a poesia é ;roda dentada;.

Pois a ;roda dentada; de Adélia Prado será homenageada na III Bienal Brasília do Livro e da Leitura, marcada para 21 de outubro. Na noite de abertura, ela faz uma palestra para o público. A poeta de Divinópolis (MG), que completa 81 anos em dezembro, vai dividir a homenagem com o sociólogo português Boaventura Sousa Santos.

No total, Adélia publicou nove livros de versos e sete de prosa. No ano passado, a Record lançou um volume com as obras reunidas, um tijolão de 544 páginas que deixou a mineira contente. Ela aproveitou para acrescentar dois poeminhas novos à coletânea, uma forma de não dar por encerrada a carreira em um volume de obras completas. Mesmo sendo veterana, Adélia se via como uma caloura. Para ela, homenagens como as da Bienal vêm pela obra, o que deve sempre ser lembrado. ;Homenagear um autor significa apenas que ele é tributário de sua obra, sempre melhor que ele. Por isso fico tranquila;, explica a poeta, em entrevista cujas respostas foram enviada por e-mail pelo filho Jordano, um dos cinco nascidos do casamento de 58 anos com José de Freitas.

Sobre visitar Brasília, Adélia toma a ideia emprestada de outra mulher conhecida pela verve com a qual aborda o mundo feminino. ;Me sinto um pouco como Clarice Lispector quando a visitou pela primeira vez. É bela, estranha, me lembra paisagem de sonho;, diz. Não será a primeira vez da poeta na capital, mas a sensação é a mesma de quem nunca havia estado no Planalto Central.

aAdélia é dona de uma poesia nascida na segunda metade do século 20, mas que chega ao 21 com um certo frescor. O diálogo com a religiosidade sempre foi explícito nos versos, assim como a importância atribuída à fé pela própria autora. Hoje, ela acredita, pode estar mais difícil se apegar à fé. Razões econômicas podem ser parte da explicação, mas a poeta não se permite julgar a falta de crença. Já ao feminismo contemporâneo, ela acredita, falta identidade.

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