;Os inquietos vão mudar o mundo;, última frase dita em Baile perfumado, aponta para um aspecto determinante para o reconhecimento histórico do filme no contexto do cinema brasileiro. É a inquietação manifestada pelos cineastas Lírio Ferreira e Paulo Caldas que torna a obra especial, com um estilo próprio e uma originalidade que lhe asseguram uma posição privilegiada na cinematografia nacional. Criado há 20 anos, o filme ; verdadeiro símbolo da retomada do cinema pernambucano ; incita uma boa dose de celebrações, até o fim do ano.
O auge das comemorações estará no dia 27, na exibição especial, com cópia restaurada, no 49; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, bo qual o filme, à época inédito, foi lançado em 1996 e venceu os troféus Candango de melhor filme, cenografia e ator coadjuvante (Aramis Trindade). Também em Brasília, será lançado o livro A aventura do Baile perfumado: 20 anos depois, dos pesquisadores Amanda Mansur e Paulo Cunha, com fotos e informações sobre os bastidores das filmagens, além de análises e entrevistas. O roteiro completo do longa também será mostrado.
Baile perfumado investiga o clássico tema do cangaço a partir de novas cores e detalhes em um Sertão verde à beira do Rio São Francisco, mas provoca mais impacto pela mecânica cinematográfica do que pelas informações reveladas. O retrato de Lampião é organicamente consistente e contribui para o enriquecimento do imaginário em torno do personagem, só que mostrá-lo a partir de imagens aéreas circulares ao som de rock pesado torna-se tão (ou mais) importante quanto revelar novos dados biográficos sobre o cangaceiro.
O filme transpira a radicalização das discussões sobre a hierarquização entre forma e conteúdo. Baile perfumado diz tanto sobre o Brasil do período reconstituído (décadas de 1920 e 1930) quanto sobre o Pernambuco de 1996 (no auge do manguebeat). A primeira época manifesta-se figurativamente, enquanto a segunda é transmitida estilisticamente. A forma, portanto, está carregada de conteúdo.
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