A distância entre justiça e felicidade pode ser muito tênue. Para os espanhóis da companhia TITZINA, os dois andam de mãos dadas na maior parte do tempo, embora possam, eventualmente, separar-se. Mas é sobre a proximidade dos ideais de justiça e felicidade que trata Distancia siete minutos, o espetáculo que a companhia apresenta hoje no Cena Contemporânea.
Na peça, Féliz, um juiz de 40 anos, precisa se mudar para a casa do pai depois de constatar uma infestação de cupins na própria residência. Questionamentos quanto às opções profissionais e às escolhas pessoais passam a marcar o cotidiano do juiz, que também precisa voltar a conviver com o pai. Quarto projeto da TITZINA, companhia criada por Diego Lorca e Pako Merino há 15 anos, o espetáculo nasceu de um processo no qual diretores compartilham vivências com profissionais de outras áreas e colhem depoimentos para criar os personagens e a dramaturgia.
;Neste caso, elegemos o tema da felicidade e, para isso, estivemos, durante meses, recolhendo informações com antropólogos e cientistas, além de visitarmos periodicamente uma prisão e vários juizados de Barcelona;, avisa Pako. O objetivo do grupo é falar de temas universais por meio do cotidiano, desmitificar temas tabu e tratar de questões proibidas com a linguagem da comédia e da tragédia.
Justiça e felicidade, Pako acredita, além de assuntos universais são também pilares da sociedade contemporânea. ;São temas de uma grande transcendência, mas no cotidiano se veem representados em pequenos momentos do dia a dia. A justiça ou a felicidade são duas grandes irmãs que vão de mãos dadas e se juntam e se separam continuamente no seio da família, na rua ou do outro lado do mundo;, diz o diretor.
A busca de temas universais e a mescla do humor com o drama são algumas das características da companhia espanhola, cujos fundadores gostam de pensar no público como um parceiro. ;A ideia é conseguir que o público tenha uma experiência de mímese teatral;, avisa Lorca.