Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

No quarto longa metragem, diretora Júlia Rezende segue a aposta no humor

Interessada no cinema de mulheres, em especial na referencial obra de Laís Bodanzky, Júlia fica antenada na delicadeza e na sutileza abarcadas pelas diretoras




A onda conservadora na política do Brasil não tem passado longe das vistas da diretora de cinema Júlia Rezende em seu quarto longa-metragem Um namorado para minha mulher (estreia de hoje nas telas): ;Sempre existe política no humor. Pode ser acoplado desde os mais graves temas até os mais banais. O grande barato do humor é simplesmente o de ser uma lente, um filtro pra gente olhar em redor;. Depois de somar mais de 5,8 milhões de espectadores com os dois longas derivados da série Meu passado me condena, a cineasta foi convidada pela primeira vez para dirigir um filme, a adaptação de um sucesso do cinema argentino Um namorado para minha esposa (2008).

;Os cineastas argentinos têm o talento e a capacidade de falar dos personagens comuns ; o homem mediano. No Brasil, temos movimentos que caem nas profundas questões sociais e houve ainda grandes biografias de personagens. Lá, se fala mais do personagem comum;, comenta a diretora, aos 30 anos. Para além do humor, no longa, Rezende dispôs do talento de Ingrid Guimarães. ;Ela é uma atriz que circula e é completa ; te emociona e sabe fazer darmos risadas. Acho que ela é uma atriz autoral, tanto que assina a colaboração do roteiro;, explica a diretora.

Interessada no cinema de mulheres, em especial na referencial obra de Laís Bodanzky (Chega de saudade e Bicho de sete cabeças), Júlia fica antenada na ;delicadeza e na sutileza; abarcadas pelas diretoras. O novo feminismo e mulheres se impondo não são temas que passem batidos pela artista. ;Ganhamos, com discussões como as do primeiro assédio e das campanhas de ganhos salariais;, observa. Debates formatam ainda outro tema explorado no longa Um namorado para minha mulher: as agressões atrás e à frente de computadores. ;O debate polarizado, com estreitamente político, e virtual(), de hoje, não faz ninguém se transformar ; é apenas cada um apenas reafirmando o que pensa. Nos fechamos nos nossos pares;, alerta.