Prezar as raízes culturais parece um aprendizado difícil para o protagonista do mais recente filme do portenho Daniel Burman, representante de peso que integra a Primeira Mostra Cinema Argentino, em andamento na telona do Cine Brasília (EQS 106/107); tudo com entrada franca. Atração de hoje, às 19h, O décimo homem, assinado pelo diretor Burman, segue muitos dos fundamentos do cineasta tão ligado aos temas de família.
Dono do grande prêmio do júri, no Festival de Berlim, há 12 anos, por O abraço partido, Daniel Burman segue fiel, em O décimo homem, aos retratos afetivos da classe média. No caso, num exame de sociedade menos materialista, já que enfoca o desprendimento do ativista social Usher ; por sinal, saído literalmente das ruas e de verídica rede de solidariedade estabelecida na Argentina.
[SAIBAMAIS]
Com a atriz Julieta Zylbergberg interpretando um papel misterioso, O décimo homem canaliza a atenção para Ariel (Alan Sabagh), um economista que, vindo do exterior, abraça uma nova realidade em Buenos Aires, vivenciando experiências comunitárias propostas pelo pai. Numa espécie de despedida de estilo de vida, ele tropeça nos descaminhos de um trintão, com grandes lacunas em vários planos (inclusive religioso).
Vencedor de prêmios importantes, como o Urso de Prata no Festival de Berlim e de dois Kikitos no Festival de Gramado, o mesmo diretor do aclamado Gigante (2009), Adrián Biniez também compõe o painel a ser apresentado no Cine Brasília. Amanhã, às 19h, será possível conferir O cinco, uma coprodução uruguaia no gênero dramático. No filme, novamente em torno de perdedores, Biniez conta da vida de Patón (Estebán Lamothe, lembrado por O estudante), capitão de fraco time de futebol argentino, que, aos 35 anos, tem que se despedir das eternas promessas de sucesso e abraçar o amargor, ao lado da namorada, Ale (Julieta Zylbergberg). Na derrocada, o filme enfoca as cinco derradeiras partidas profissionais para Patón.