Aos 80 anos, Woody Allen ainda não fala em aposentadoria. Com 46 filmes na carreira, o cineasta, que dirigiu o primeiro trabalho em 1966, ostenta uma média de quase um longa por ano, mesmo que desgoste ou não se lembre da maioria (ele já afirmou que salvaria apenas uns seis de seus filmes). Em meio a elogios, escândalos e críticas de estar se tornando repetitivo, Allen abriu o festival de Cannes deste ano com Café society, uma história de amor dividida entre Nova York e Los Angeles, que estreia nos cinemas brasileiros hoje.
Alheio a vários aspectos da tecnologia (Allen não tem computador e nunca enviou um e-mail), Café society é o primeiro longa do diretor gravado em formato digital. Ele minimiza as mudanças: ;A câmera não faz diferença para mim;, revelou a protagonista Kristen Stewart.
No longa, Kristen interpreta a amada de Jesse Eisenberg. O ator dá vida a Bobby, um aspirante a escritor que sai de Nova York para tentar a vida em Los Angeles e busca um lugar no mundo feroz dos estúdios de cinema. O amor ; o que é um tanto corriqueiro quando se trata de Woody Allen ; é cheio de complicações e decepções. Bobby, por sinal, é mais um dos clássicos alter egos de Allen que aparecem em seus filmes.
Para dar luz à história, Allen recrutou o italiano Vittorio Storaro, que dirigiu a fotografia do longa. Storaro foi responsável pelas imagens de filmes como Apocalypse now e Último tango em Paris e chamado de ;mestre da luz;. As variações de iluminação no longa foram, justamente, pontos altos apontados pela crítica em Cannes.