O grafite está cada dia mais presente no visual da capital, Brasília parece combinar com essa arte tão espontânea. Esses traços, coloridos e cheios de vida, também têm sido muito bem recebidos nas galerias. Os jatos de spray chegam e ajudam a quebrar o preconceito que essa arte sofre e aumentar a visibilidade dos artistas expostos.
Para quem deseja conhecer ou já é fã e quer prestigiar o trabalho de grafiteiros brasilienses, começa hoje, e vai até o dia 11 de setembro, a exposição Traços da Alma, protagonizada pelos grafiteiros Daniel Morais, o Toys, e Mikael Guedes, o Omik. Será uma oportunidade de ver o trabalho desses dois artistas juntos e em telas. ;Nossos traços são bem diferentes. O meu é mais geométrico, já o Mikael é mais suave, são desenhos mais sutis;, explica Toys. Apesar da diferença, Toys garante: ;Os nossos traços se complementam e combinam muito bem;.
[SAIBAMAIS]
Outro diferencial do trabalho exposto para o que pode ser visto pelas paredes da cidade é o material utilizado. ;Pintamos em telas, o que dá um resultado diferente dos trabalhos feitos na parede. Você precisa reaprender um pouco. Não necessariamente, o que dá certo na parede, dá certo nas telas;, detalha Daniel. Segundo ele, apesar de o resultado ficar diferente, as referências que, tanto ele, quanto Omik usam, permanecem: ;É possível identificar os traços em comum tanto nas telas quanto nas paredes, mas cada estilo traz suas características;.
Já quanto as obras expostas, o grafiteiro apresenta 16 telas, a maioria com execução conjunta. ;Temos trabalhos só meus e só do Mikael, mas o importante é perceber que, mesmo quando a obra é apenas de um de nos, ela conta uma história, ela não é uma coisa isolada do contexto;, afirma Morais.
"O grafite é a arte mais democrática. Ele não diferencia quem terá acesso à obra;,
Daniel Morais, Toys
Duas perguntas / Daniel Morais, grafiteiro Toys
Para você, o grafite pode ser colocado em galerias sem perder sua essência?
Tanto eu, quanto o Omik acreditamos que o grafite pertence a rua. O trabalho que vai para a galeria é resultado das experiências que o artista tem como grafiteiro, da vivência dele nas ruas, mas não é grafite. O grafite tem que estar na rua, ela é parte da arte. Essa interação com o ambiente é muito importante. Para ser grafite, você tem que pintar na rua. Infelizmente, boa parte das vezes de maneira ilegal.
Como ficou o resultado do trabalho, que mistura sua arte a do Omik?
Eu vim do grafite de letras. Do meu ponto de vista, esse é um estilo mais geométrico. Já o Omik traz traços mais suaves, é um desenho mais sutil. Mas apesar dessas diferenças, o resultado final da mistura é ótimo. É uma coisa inédita, juntamos dois trabalhos que se complementam e que dão muito certo entre si. Essa junção, para mim, mostra que assim como nossa arte, nossas cabeças são muito diferentes, e isso dá amplitude e diversidade para as obras.
Traços da alma
Brasília Shopping, Cúpula sul, próximo ao Fran;s Café. De 23 de agosto até 11 de setembro, das 10h às 22h. Entrada Franca. Mais informações 2109-2122.