"Pés, para que os quero, se tenho asas para voar?." A famosa frase de Frida Kahlo vem à cabeça quando assistimos aos bailarinos do Projeto Pés. Dirigido e coreografado por Rafael Tursi, o projeto utiliza técnicas de dança-teatro para provocar, criar e incentivar o movimento expressivo em pessoas com deficiência.
Criado no ano de 2011, o grupo já tem mais de 100 atividades realizadas, entre espetáculos, intervenções, cenas, aulas, palestras e participações em eventos nacionais e internacionais. Os ensaios acontecem duas vezes por semana em uma sala do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília (UnB) e pessoas de qualquer idade, com ou sem deficiência, podem participar.
A descoberta
A aula começa. O diretor pede que os alunos se movimentem pelo espaço, ocupando a sala e percebendo o outro. Cada um cria sua movimentação, à sua maneira, e não há limites para o significado da palavra movimento. A bailarina Kelly Vanessa de Barros, presa a uma cadeira de rodas desde que nasceu por conta de uma paralisia cerebral, faz movimentos precisos com a cabeça e dedos, como quem se entrega profundamente ao comando do professor.
Kelly teve a parte psicomotora toda afetada, por conta da paralisia, inclusive a fala. Seu corpo, seus movimentos, sempre foram seu instrumento de comunicação. E de acordo com sua mãe, a dança transformou muito sua comunicação e expressão, além de melhorar sua auto-estima. ;Teve uma melhora porque ela passou a tentar se expressar de outras formas. Ela agora gosta muito de aparecer, então isso aí pra ela foi um achado muito valioso. Depois que a gente entrou no Pés ela resolveu estudar, tá terminando o ensino médio esse ano e diz que vai fazer faculdade;, conta Maria Angela de Barros, mãe de Kelly.
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