Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Monólogos encantam os apaixonados por teatro

Com apenas um ator presente no palco os espetáculos são capazes de criar uma enorme possibilidade de experiências

Os diálogos são feitos de maneira interna, com o público ou consigo próprio. Nesse tipo de espetáculo, cada ator torna-se responsável por executar de maneira eficaz o ritmo da peça e contar a história de maneira que o público mantenha seu interesse e entendimento. Um único ator, o público e o palco. Ainda assim, na arte de falar sozinho, a preparação não é solitária, já que o teatro é uma arte feita em grupo e acontece, como não poderia deixar de ser, na presença e companhia dos espectadores. Para dar espaço e visibilidade aos artistas brasilienses que sobem ao palco com a companhia das próprias palavras, o Espaço Cultural Alexandre Inecco (Ecai), na 116 Norte, promove, durante o mês de agosto, um festival de monólogos. Serão quatro apresentações de espetáculos brasilienses e uma participação de São Paulo.

Os espetáculos têm entre 15 e 40 minutos, sendo apresentados até dois em cada sessão. Os monólogos da cidade foram escolhidos por audições e, entre os candidatos, se destacaram: Clitemnestra, com Juliana Plasmo; Omenkikór, com Rafael Toscano; A saga de Zé Ninguém e sua bicicleta resiliente, com Bruno Estrela; e Cicatrizes, com Maria Moreira. Para completar o festival, a atriz brasiliense radicada em Campinas, Raquel Scotti Hirson, apresenta Quando os subtextos são textos. A apresentação de Raquel Hirson desta vez na cidade surgiu da necessidade de trazer à tona os textos utilizados pela atriz para construir a peça Alphonsus. A atriz e pesquisadora do Lume Teatro foi aluna da primeira turma de artes cênicas da Universidade de Brasília, em 1989 e acredita que a responsabilidade do ator para que tudo saia da melhor maneira possível é tão grande quanto em espetáculos com mais artistas presentes no palco.
[SAIBAMAIS]

Talentos de Brasília

Com a peça Climnestra, dirigida por Fernando Guimarães, Juliana Plasmo, que é bacharel na Faculdade Dulcina de Moraes, acredita que o trabalho do ator em um monólogo é estritamente solitário, ainda que seja feito de maneira coletiva, sendo assim, ele precisa estar bem consigo mesmo. ;Vários ensaios acontecem apenas comigo e, como sempre, a disciplina é um ponto muito importante. Mas isso não torna o trabalho menos coletivo, o público vê apenas uma atriz em cena, mas, por trás dela, tem um primoroso diretor, uma professora de voz (Gislene Macedo), e iluminador e sonoplasta (Andy Souza), todos trabalhando para que a apresentação final chegue bem ao público;, afirma a atriz. Juliana lembra que o diálogo acontece sempre entre ela e o público e em um teatro intimista, como no espaço do Ecai, o ator fica bem próximo aos espectadores.

;Eu me sinto completamente exposta. Existe muita entrega e energia para que o público aceite e mantenha o diálogo;. A artista explica ainda que o trabalho de mesa, feito com o texto, é realizado de maneira exaustiva, até que as intenções e preenchimentos aconteçam organicamente e destaca como inspiração o monólogo Morro como um país, de Fernanda Azevedo. O diretor de Juliana Plasmo em Climnestra foi Fernando Guimarães, que lembra o desafio para ambos os lados ao construir esse tipo de espetáculo. O diretor afirma que é necessário que haja muita concentração e estudo no trabalho de preparação. O texto foi adaptado especialmente para a atriz e extraído do livro Fogos, de Marguerite Yourcenar.
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