No novo endereço de sua oficina na 710 norte (Bloco E, loja 48), José Perdiz pretende dar continuidade ao trabalho cultural que teve início ainda em 1975. Um dos importantes e tradicionais nomes do teatro candango, o mecânico e produtor cultural, nas horas vagas, é dono de um dos pequenos teatros que abrigam grupos e estudantes há anos na cidade. O Teatro Oficina do Perdiz funciona agora no subsolo, enquanto o aparato mecânico fica no andar térreo. A pequena sala conta com palco de madeira, arquibancada, cadeiras e já tem acolhido grupos para ensaios e oficinas teatrais.
Uma destas oficinas recebe a participação de Júlia Perdiz, filha de José e Herdeira do espaço. Depois de conviver durante várias décadas com os trabalhos artísticos do pai e a rotina teatral da oficina, Júlia decidiu se dedicar também à produção e aos bastidores do palco. ;Eu quero mesmo é trabalhar na parte de trás do palco, com as outras funções que compõem o espetáculo. Mas decidi me aventurar na oficina e experimentar como é ser atriz;, conta Júlia.
Enquanto isso, José Perdiz tenta dar continuidade às reformas do novo espaço para deixar tudo pronto e marcar a data da inauguração oficial. As instalações ainda estavam inacabadas quando as apresentações do espetáculo Fahrenheit, de Luciana Martuchelli, tomaran conta do local. ;Ainda faltam alguns ajustes, mas o teatro já pode ser utilizado e continuamos a ser muito solicitados pelos grupos da cidade, já que a maioria dos teatros brasilienses, mesmo que pequenos, têm aluguéis muito caros;, afirma Perdiz.
Vale o esforço
Tendo entrado no teatro em razão das circunstâncias, quando um enteado pediu que o espaço fosse emprestado para ensaios de seu grupo, José Perdiz não largou mais o ofício, ainda que com dificuldades. ;É muito difícil viver só com o teatro aqui na cidade, a gente encontra muitos obstáculos mas é importante persistir e quando vejo o público todo assistindo as peças e gostando, vale o esforço. No Perdiz, já foram encenados espetáculos de teatro, dança, mímica e exposições. Muita gente acha que é loucura esse trabalho todo, mas não é, faço com amor;, afirma. O novo teatro tem espaço para 80 pessoas e, com ele, José pretende retomar o fôlego de sua fase mais movimentada, na década de 1990, quando a Oficina do Perdiz chegou a receber 7,5 mil pessoas no espaço de um ano.