Seria o caso de se perguntar - depois do futebol o cinema? Mas é verdade, não há nenhum filme brasileiro selecionado para as competições no Festival de Locarno que começará na quarta-feira.
Mal refeito da má surpresa, logo nos chega outra: não há também nenhum filme brasileiro na Mostra de Veneza. Estranho porque ainda em maio, o cinema brasileiro concorria em Cannes, chegou a ser um dos favoritos, com Aquarius.
Carlo Chatrian, diretor do Festival de Locarno, tenta me explicar não ser obrigatório haver filme brasileiro todos os anos entre os selecionados. Mas continuo inconformado ao ver que o cinema português tem dois filmes na competição de longas e mais quatro na competição de curtas, num total de 13!
Chatrian me explica haver a participação de produtores brasileiros em coproduções com Moçambique e Argentina. E que, embora fora de concurso, Júlio Bressane estará em Locarno com seu novo filme O Beduíno, na mostra Sinais de vida. E me mostra haver um filme mistura de ficção com realidade, A destruição de Bernardet, sobre o conhecido crítico francês-belga naturalizado paulistano, o Jean-Claude Bernardet, de Cláudia Pricilla e Pedro Marques.
Carlo Chatrian não sabe, mas a não seleção de filmes brasileiros foi mal recebida pela grande mídia, que decidiu ignorar o Festival de Locarno. Fui ao Google fiz várias buscas e nada absolutamente nada, só o Portal Brasil comemorando a presença de Bressane e algumas coproduções, mas sem falar no filme produzido por Kiko Goifman, sobre Jean-Claude Bernardet.
O resultado é que, pelo visto, só eu, neste jornal, vai falar de Locarno do 3 ao 13, e comentar os filmes programados para o telão de 300m2 na Piazza Grande, assim como os filmes participantes da competição internacional. E você leitor vai sentir o sabor de estar lendo matéria exclusiva.