Diversão e Arte

Latinidades: Jarid Arraes, autora de As lendas de Dandara, ministra oficina

A primeira oficina com a escritora será nesta quarta-feira (27/7)

Adriana Izel
postado em 27/07/2016 07:30
A primeira oficina com a escritora será nesta quarta-feira (27/7)
Admiradora do Festival Latinidades que acontece até 31 de julho no Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios), a escritora cearense Jarid Arraes, autora do livro As lendas de Dandara e de mais de 50 trabalhos em cordel, fará uma passagem com destaque pelo evento, com participação em mesa de debate e comando de duas oficinas gratuitas. "A organização me mandou um convite perguntando se eu poderia participar da mesa e também dar oficinas. Eu sugeri que fizéssemos uma oficina de cordel e outra de terapia escrita", revela.

[SAIBAMAIS]A primeira oficina da escritora será nesta quarta-feira (27/7), a partir das 17h, sobre Terapia escrita -- Mulher negra: Do substantivo ao subjetivo, que foi criada com base na formação da cearense, que é formada em psicologia. "Eu acredito muito no poder terapêutico que a escrita tem. Escrever é importante para pensar coisas urgentes e íntimas. O que a gente escreve diz muito sobre nós, o que a gente pensa sobre o mundo", analisa. Segundo ela, a oficina tem como objetivo tratar de questões importantes para as mulheres negras. "Minha ideia é que a gente crie um conto, uma história, de uma personagem que seja inspirada nas mulheres que vão escrever. Desse jeito, a gente pode falar de questões que atinjam as mulheres negras, sejam elas boas ou ruins, e discutir sobre isso", completa.

Na sexta-feira é a vez da oficina de cordel a partir das 17h. Jarid apresentará sua experiência com a literatura, que é uma tradição de sua família. "Na oficina, eu ensino um pouco da técnica e sugiro que as pessoas escrevam cordéis abordando questões sociais, como eu faço. A gente fala de racismo, questões de gênero e diversidade sexual. É muito frutífero, porque ao mesmo tempo que preservamos uma tradição literária muito importante do Brasil, levantamos questões novas e necessárias", analisa.

Duas perguntas // Jarid Arraes

Para você, qual é a importância de um evento com o Latinidades?

Fiquei muito feliz por ser convidada porque eu admiro muito o festival. Eu acho que é extremamente importante que eventos assim aconteçam. A gente está sempre falando de que o machismo e a violência contra a mulher não estão separados do racismo. Para gente só de ter um evento onde mulheres negras são a maioria das convidadas e ótimo, o que por si já é algo que contrapõe um padrão das coisas, já que mulheres negras são pouco convidadas para eventos acadêmicos e intelectuais em geral. É uma questão da gente falar de coisas que nos tocam intimamente e que são muito enraizados e íntimas para outras mulheres. Rola uma energia de troca e compreensão, mesmo com todas as nossas diferenças. É uma diversidade dentro desse grupo de mulheres negras. Vamos valorizar figuras históricas, vamos homenagear mulheres negras que fazem diferença na música, nas artes, na política... Também é uma oportunidade incrível de conhecer mulheres que me inspiram. Espero que eu possa contribuir.

O que pensa sobre a falta de mulheres negras em eventos mais acadêmicos?
Espero que o Latinidades continue sempre. Ele é uma exceção no meio de todos os eventos que rolam no Brasil. Muitas vezes a gente tem que protestar para que seja incluída e lembrada como aconteceu com a Flip. Apesar de ser dito que foi a Flip das mulheres, nenhuma escritora negra foi convidada. Então, a partir daí que a gente vê a importância de eventos com o Latinidades e chamar atenção do racismo e do machismo como questões que atuam juntas.

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