Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Entrevista com Thamyra Thâmara, uma das convidadas do Festival Latinidades

Ela é a idealizadora do GatoMídia, um projeto de convivência e aprendizado em mídia e tecnologia para jovens de espaços populares


Thamyra Thâmara, do Rio de Janeiro, é jornalista, social mídia, fotógrafa, afrofuturista e a idealizadora do GatoMídia. Thamyra também escreve para Anastácia Contemporânea, DR e Favelados pelo Mundo. Ela é uma das convidadas que participará desta 9; edição do Latinidades, em sua mesa o tema será Vozes da perifa: comunicação insurgente; comunicação e resistência, que acontece nesta quarta-feira, às 10h, no Museu Nacional da República. A entrada é franca.

O que é a GatoMídia? Como começou o projeto?
O GatoMídia é um projeto de convivência e aprendizado em mídia e tecnologia para jovens de espaços populares, que existe desde 2013 no Complexo do Alemão, tendo como objetivo estimular que jovens e negrxs possam produzir sua própria comunicação, rede e conexões. Possibilitando diferentes narrativas, visibilidade, oportunidades e ideias criativas (coletivas) que construa um mundo mais justo, igualitário e afetivo. No começo do ano produzimos um documentário chamando: Quem são os makers da favela, que tem como objetivo falar de criatividade a partir do que os pobres e pretos estão criando. Além de questionar espaços de inovação que não reconhecem o fazer popular.

[VIDEO1]

Qual a importância desse acesso à mídia e tecnologia para esses jovens? Quais as principais ferramentas para dar voz a grupos poucos desprestigiados pela mídia?
Tanto a mídia como a tecnologia não são neutras. Elas partem de determinados pontos de vistas. Se um homem branco cis produz algum tipo de tecnologia ou comunicação, na maioria das vezes, ele vai partir da sua vivência no mundo e da sua forma de vê as coisas. Por isso a importância de termos outras narrativas, histórias contadas principalmente a partir de mulheres, negros, LGBTs, fortalecer essas vivências e olhares contribui para uma sociedade mais democrática. Acredito que a possibilidade não apenas de acessar a informação mais poder produzir informação sobre o seu território e cultura empodera o indivíduo e abre oportunidade para uma nova forma de estar na cidade. Não apenas passivo, mas ativo na busca de seus direitos, representação e cidadania. O direito a comunicação gera outros direitos e acessos.

Quais suas expectativas para o evento? Como você conheceu e passou a participar do Latinidades?
Fui convidada para o evento no começo do ano e desde então estou contando os dias. O Festival Latinidades tem grande contribuição não só para a cidade como para o país. Ainda mais nesse momento no Brasil que a gente percebe o poder que a tevê e o jornal de grande circulação, tem em controlar a informação. É importante e necessário estarmos debatendo comunicação a partir de um universo repleto de mulher negras e periféricas que estão disputando seu lugar de representação e fala. Aqui, estamos falando de uma comunicação contra hegemônica que em vez de reforçar estereótipos e fortalecer relações de poder, abre espaço para as vozes que estão nas margens e questiona o que consideramos o centro da cidade e da cultura.