Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Rapper mineiro Flávio Renegado lança terceiro trabalho da carreira

O disco tem canções mais sofisticadas, mas mantendo a essência do hip-hop


Há quem diga: rap não é música. Outono selvagem, terceiro disco do mineiro Flávio Renegado, mostra que não é bem assim. Aos 34 anos, o MC e compositor derruba ; com gosto ; as fronteiras entre a canção e as batidas do gênero conhecido como ritmo e poesia. O caminho iniciado nos álbuns Do Oiapoque a Nova York (2008) e Minha tribo é o mundo (2011) não apenas se consolida, mas aponta para a ;repaginada; (palavras de Flávio) na vida desse belo-horizontino nascido na comunidade humilde do Alto Vera Cruz, na Região Leste.

;Mudei a minha forma de compor;, diz Renegado. A chegada da maturidade, o mergulho profundo nas questões pessoais e uma década de carreira abriram novo ciclo. O mundo complexo em que vivemos exige muito mais do que encarar a vida como ringue maniqueísta dividido entre o mal contra o bem, coxinhas versus petralhas. Com efeito. Radicaliza-se aqui o diálogo (para não dizer a interação) do rap com a canção.

[SAIBAMAIS]Flávio investe no apuro melódico e nas harmonias, compartilhando esse universo sonoro com sua banda. Não se trata de abandonar o canto falado (DNA do rap) e muito menos a oralidade herdada da cultura africana. ;Sou rapper;, enfatiza ele. Mas está cantando para valer. ;Estou sofisticando;, resume.

Flávio divide melodias e letras com Chico Amaral, o ;quinto; Skank. Estuda violão, burila a voz em aulas com a fonoaudióloga mineira Janaína Pimenta, a mesma de Ivete Sangalo. Nos dois primeiros discos, mesclou rap, samba, ritmos latinos e caribenhos com batidas contemporâneas. Em Outono selvagem, ele rima ; e canta ; blues, rock, reggae, soul e flerta com o funk carioca. Com trabalhos anteriores produzidos pelos respeitados Daniel Ganjaman e Plínio Profeta, Renegado agora assume a direção musical do próprio disco.

Ditadura


Assim como Criolo, Emicida e Rael ; nomes de destaque do hip-hop nacional;, o mineiro implode paradigmas, a despeito de alguns manos execrarem tal ;heresia;, quem opta por esse caminho de sucumbir a apelos comerciais. ;Não tem que ter fronteira. Acabou a ditadura;, reage Flávio, fã do Clube da Esquina, amigo de Toninho Horta e defensor de um rap legitimamente brasileiro. Ele já cantou com Anitta, Paula Toller, Jota Quest, Bebel Gilberto e Mart;nália. Rimou em abertura de novelas da Globo, diz que o pop o ensinou a ser livre. O novo disco tem participações de Alexandre Carlo (Natiruts), Samuel Rosa (Skank) e Sérgio Pererê.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui