Nahima Maciel
postado em 19/07/2016 07:32
Quando a artista Sônia Paiva mergulha numa ideia, ela procura explorar todos os vieses da questão. Faz isso de maneira exaustiva porque acredita na transdisciplinaridade como melhor maneira de compreender o mundo. Assim, quando começou a pesquisa sobre patchwork, acabou em cursos a distância com senhorinhas texanas e sessões obsessivas de compreensão do funcionamento da mecânica da máquina de costurar usada nesse tipo de trabalho.
O mesmo ocorreu com a neurociência. Sônia foi ler os escritos do Nobel Santiago Ramón y Cajal, cuja definição poética para os neurônios ;borboletas da alma; encantou a artista. O resultado dessas pesquisas, boa parte delas desenvolvida com alunos do Laboratório Transdisciplinar de Cenografia da Universidade de Brasília (UnB), está na exposição Arte volante em narrativas errantes, em cartaz na Referência Galeria de Arte.
[SAIBAMAIS]Sônia, que há nove anos não realizava exposição em galeria, selecionou três séries de patchwork, aquarelas e porcelanas produzidas a partir de uma pesquisa iniciada com o mestrado e o doutorado. ;No laboratório, fiquei pensando em como criar narrativas fragmentadas. Hoje, penso muito em como criar uma arte colaborativa e experimentar na arte a possibilidade de configurar narrativas a partir de padrões;, conta.
Padrões, aliás, são uma marca do trabalho de Sônia, assim como a presença constante de narrativas com personagens que ela construiu ao longo de décadas de carreira, como a Gordinha. Além da literatura ; e do diálogo com Alice no país das maravilhas que aparece há anos na obra de Sônia ;, todas as áreas do conhecimento alimentam essa construção de linguagens transformadas em objetos. Na ;coisificação; das ideias, uma expressão utilizada pela própria artista, entra todo tipo de suporte, de porcelana e patchwork a acessórios e objetos de design.
A vontade de explorar novos terrenos como suporte para o pensamento levou a artista ao ptachwork, do qual conhecia pouca coisa. Sônia se embrenhou nesse universo e descobriu uma rede e um mercado ligados a essa prática artesanal de sobrepor pedaços de tecido e, com eles, construir algum tipo de narrativa. A artista comprou livros, começou a estudar, adquiriu aulas on-line com especialistas nos Estados Unidos e uma máquina de costura para patchwork.
Arte volante em narrativas errantes
Exposição de Sônia Paiva. Visitação até 30 de julho, de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábados, das 12h às 17h, na Referência Galeria de Arte (SCLN 205, Bloco A, Sala 9).
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