Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Após saída de integrantes, grupos enfrentam desafios para seguir carreira

É o caso do grupo Titãs que teve mais um membro anunciado a saída após 34 anos


Reconhecida como uma das maiores bandas do rock brasileiro, o Titãs formou-se em 1982, quando a maior parte dos seus integrantes se conheceu no Colégio Equipe, em São Paulo. No primeiro show realizado pelo grupo, na época ainda chamado de Titãs do Iê-Iê, a formação contava com nove integrantes: Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Belloto, Ciro Pessoa e André Jung. Eventualmente, os Titãs se ;estabilizariam; com oito integrantes, com a entrada de Charles Gavin, formação clássica que gravou o clássico Cabeça dinossauro e inúmeros outros hits. Trinta quatro anos depois, com a saída de Paulo Miklos, anunciada na semana passada, apenas Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Belloto permanecem.

Mudanças na formação das bandas acontecem desde o começo da história da música e se dão por diferentes motivos: ambição, brigas internas, dinheiro ou o famigerado ;diferenças musicais irreconciliáveis;. Alguns grupos conseguem fazer a transição entre velhos e novos integrantes sem maiores prejuízos, dando bem-sucedida continuidade a suas carreiras. Outras não superam a perda de talento e, inevitavelmente, começam a lançar trabalhos repetitivos e procuram se reinventar sob diferentes formatos, como acústicos ou turnês em que promovem os velhos sucessos.

[SAIBAMAIS]Os Titãs, por exemplo, começaram a perder integrantes em 1991, com a saída de Arnaldo Antunes. Anos depois, saíram o guitarrista Marcelo Fromer (morto em um acidente de moto) e o baixista Nando Reis, que deixou a banda em 2002. Apesar de o grupo ter, naturalmente, sentido a ausência de compositores da qualidade de Antunes e Reis em seus novos trabalhos, os Titãs continuaram a gozar de imensa popularidade em diversos momentos, como quando fizeram o Acústico MTV, em 1995, com os lançamentos do CD e DVD Paralamas e Titãs juntos ao vivo, em 2008, e com o filme/documentário A vida até parece uma festa, em 2009.

Contemporâneos do grupo paulista, os cariocas do Barão Vermelho também tiveram que superar uma grande perda para dar continuidade à carreira. Enquanto ensaiavam para gravar o quarto álbum da banda, em julho de 1985, ninguém menos que Cazuza, a voz do grupo, e a esta altura já considerado um dos grandes jovens compositores do país, decidiu deixar o Barão para se dedicar à carreira solo. Embora os primeiros discos com Frejat nos vocais não tenham sido bem-aceitos por fãs e crítica, o grupo voltou a emplacar sucessos com Carnaval, de 1988, tendência que continuou nos anos 1990, com Amor, meu grande amor, Puro êxtase e Cuidado, entre outras.

;A questão de bandas que perdem integrantes e decidem continuar é algo que precisa ser analisado caso a caso. Os Titãs, por exemplo, apesar de terem perdido Paulo Miklos, integrante essencial para a identidade da banda, vêm perdendo integrantes há muito tempo e, mesmo assim, gravaram um dos melhores discos da banda em 2014. Não sei o que vai acontecer com eles daqui para a frente, e questiono quando artistas gravam novos álbuns usando o nome clássico, porque aí estão oferecendo para os fãs um produto descaracterizado. Mas enfim, é uma escolha pessoal;, analisa o apresentador e crítico musical Guilherme Guedes, em entrevista ao Correio.

Guilherme comentou, também, o fato de o músico Sérgio Dias continuar fazendo shows com o nome Mutantes, mesmo sendo o único integrante da formação original. ;Ele fundou o grupo com o Arnaldo Baptista e a Rita Lee, mas é parte essencial da história da banda. Se os outros integrantes não querem mais fazer parte disso, ele tem todo o direito de continuar esse legado;, opinou.

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