As experiências culturais e gastronômicas aparecem aliadas entre os cafés brasilienses, que se transformam em espaços de intervenção e manifestação artística, contribuindo para a circulação das produções locais. Entre sabores diversos os frequentadores assíduos podem circular por feiras literárias, exposições de desenhos, pinturas, esculturas e fotografias, além de aproveitar para ouvir o som criado pelos atuais músicos da cidade. A vontade de aumentar a presença de galerias de arte, saraus de poesia, circulação literária e musical, tanto dos donos dos estabelecimentos quanto dos seus frequentadores, são alguns dos motivos que fazem com que a iniciativa se torne cada vez mais certa, espalhando-se por novos espaços da cidade.
Um dos exemplos atuais de que a iniciativa tem dado certo é a movimentada feira literária Outra margem, resultado da forte presença da literatura, lançamento de livros e saraus de poesia no Ernesto Café, inaugurado em 2011. As manifestações artísticas começaram a tomar forma praticamente junto à abertura do local, inicialmente por sugestão dos próprios frequentadores, que viam o potencial dos espaços da casa para receber shows e exposições. Giordano Bomfim, livreiro e produtor cultural do café, conta que a experiência tem sido enriquecedora e que, desde então, tem percebido a grande presença de artistas que movimentam a cidade.
A ideia dos produtores é incentivar a criação, movimentação e presença de cada vez mais espaços culturais em Brasília. ;Temos muitos escritores, poetas, ilustradores, pintores, e tantos outros na cidade que têm linhas de trabalho incríveis e acabam, muitas vezes, sendo conhecidos em círculos restritos. Parte da nossa intenção com a fomentação de manifestações artísticas no nosso espaço é justamente isso: convergência. Expor criador e observadores um ao outro. Expor nas paredes do café é quebrar um pouco essa ideia de que não há espaço para a arte no cotidiano;, afirma o produtor cultural.
O Café Senhoritas é outro importante ponto de cultura e literatura da cidade. Tradicional no lançamento de livros em Brasília o local promoveu, no ano passado, uma semana de letras, com o objetivo de associar o prazer da leitura ao charme de frequentar um café. O escritor Renato Fino é um dos responsáveis por movimentar a cena artística no espaço, que já recebeu diversas apresentações musicais e encontros entre os criativos da capital. Enquanto isso, a Galeria-café Objeto Encontrado dedica-se a sua proposta original de apreciar obras de arte e bons cafés. Nas paredes estão sempre expostas obras de artistas em crescimento na capital e há exposições de diversos estilos e gêneros periodicamente.
O Café Savana, criado em 1990, é outro tradicional espaço para manifestações artísticas da cidade, com a presença constante de exposição de um artista brasiliense nas paredes do estabelecimento, sendo, no mínimo, doze artistas por ano. O proprietário, Marcelo de Mello, acredita que os cafés surgiram como uma forma natural de se tratar a cultura, criar asas e mostrar trabalho. O Savana abriga feiras de arte, shows com músicos brasilienses às sextas-feiras, esquetes de peças de teatro, lançamentos de livros e, atualmente, conta com os trabalhos do artística plástico brasiliense Alan Monteiro.Vale lembrar que a união entre arte e estabelecimentos fora das tradicionais galerias tem dado certo, ampliando e colaborando cada vez mais para a presença artística e cultural no cotidiano do brasiliense.