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Quando começou a frequentar o boêmio bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, no início dos anos 2000, João Cavalcanti nunca imaginava que seria um dos líderes do grupo Casuarina, peça fundamental para a revitalização do local. Formado em jornalismo e fã de rock, o músico sentia-se um estrangeiro ali, nas rodas de samba. As memórias afetivas de momentos familiares ; o carioca é filho de Lenine ; e as amizades criadas para além dos famosos arcos da Lapa, no entanto, empurraram o rapaz para um mergulho sem volta. Aos 36 anos, João está lançando com o Casuarina o sétimo álbum da banda, batizado de 7. Neste bate-papo feito na redação do Correio, ele fala sobre o início da carreira, lembranças da infância, política e, claro, música.
Qual é a primeira lembrança musical que você tem?
Eu me lembro bem dos ensaios do bloco Suvaco do Cristo, em 1987 ou 1988, quando eu tinha 7 ou 8 anos. Meu pai concorria todo ano para fazer o samba do bloco. E era um bloco que saía uma semana antes do carnaval. Ele participava disso e me lembro muito do papai defendendo o samba que ele compunha. E eu lá, completamente inadequado. Se você pensar nos dias de hoje, até incorretíssimo, uma criança às 23h, no Clube Condomínio, com uma situação de segurança bastante questionável, em meio a bebida, cigarro. Mas faz parte da minha bagagem, faz parte de como fui criado. Eu me lembro muito de eu nos backstages; de saco cheio dos shows que estavam acontecendo no Circo Voador, e eu lá dentro, jogando brita na lata do lixo, tentando acertar as pedrinhas.
Backstages por conta da carreira do seu pai?
E da minha mãe, que trabalhou com produção musical muito tempo e frequentava muitos shows. No primeiro Rock in Rio (1985), obviamente, não fui. Mas num dia que não teve, ela colocou uma galocha três quartos em mim e me levou pra conhecer a Cidade do Rock. Porque eu via o frenesi dos amigos dos meus pais. Sempre tive esse tesão do presencial do show. Comecei a frequentar shows de rock desde muito cedo. Fui a todas as edições do Hollywood Rock. Assisti ao show de Nirvana, Alice in Chains.
E de que maneira o samba entrou na sua vida?
Todo carioca tem no samba um refúgio, seja ele voluntário ou não. Mesmo quem diz que não gosta de samba só diz isso porque há o samba. Para o carioca, o samba é um coadjuvante, às vezes, protagonista. Está sempre ali como personagem do modo de vida do carioca. Meu avô do Recife ouvia muito samba. Eu ouvia muito Martinho da Vila com ele. Meu avô do Rio ouvia Orlando Silva, Sílvio Caldas, Francisco Alves, Nelson Gonçalves.
E seus pais?
A rigor, meus pais ouviam rock. Meu pai sempre disse que o The Police foi o Beatles dele. Eu também passei a adorar esses caras.
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