A palavra transmídia pode assustar, mas o conceito, nunca tão em alta como agora, está mais presente nas produções culturais do que se imagina. Não é preciso pensar em obras hipercomplexas e herméticas; basta ligar a tevê para perceber que algumas novelas utilizam esse tipo de narrativa. E muita gente nem percebe. Mas, afinal, o que é transmídia? ;São conteúdos pensados como um conjunto, dispostos em mídias diferentes de modo que se complementem. No entanto, cada um desses conteúdos deve fazer sentido isoladamente;, explica o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora Vitor Lopes Resende.
Durante o mestrado, Resende estudou a narrativa transmidiática nas novelas Império e Geração Brasil, da Globo. No caso dos folhetins, aplicativos e sites complementavam o conteúdo exibido na telinha, prática que se tornou comum nas atrações da emissora. O professor aponta que, hoje, a maioria das grandes produções usam estratégias transmidiáticas para conquistar e engajar o público. ;Harry Potter, Vingadores, Game of Thrones, Star Wars... Quase todas as grandes franquias de entretenimento utilizam-se desses recursos;, comenta.
Para o professor, as estratégias transmidiáticas potencializam o envolvimento do público com a história contada e isso pode levar, do ponto de vista de mercado, à compra de produtos, além de abrir novas possibilidades narrativas. ;Essas iniciativas conseguem engajar os usuários em um universo específico, abrindo até a possibilidade de que eles mesmo possam também criar material para a série;, completa.
Harry Potter e o universo Marvel são exemplos de produções que investiram na possibilidade de contar histórias em diferentes plataformas. No caso do bruxinho, além dos filmes e livros que trazem o enredo principal, há obras complementares e jogos que abordam outros aspectos da história."O público pode consumir apenas um desses conteúdos e entendê-lo, sem a necessidade de acessar os demais. Porém, se ele consome todos, tem uma experiência expandida do universo de Harry Potter", exemplifica Resende.
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